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Meu cachorro está comendo menos depois da cirurgia: é normal?

É comum que tutores fiquem preocupados quando seus cães demonstram menos apetite após um procedimento cirúrgico, especialmente em casos de cirurgias ortopédicas que exigem anestesia geral, repouso prolongado e manejo cuidadoso da dor. Essa diminuição no apetite, embora muitas vezes esperada, merece atenção, principalmente para garantir uma recuperação adequada e sem complicações.



Após uma cirurgia ortopédica, é normal que o cão apresente uma redução transitória no apetite nos primeiros dias. Diversos fatores podem contribuir para esse comportamento. Um dos principais é o efeito residual dos anestésicos e sedativos utilizados durante o procedimento. Essas substâncias podem permanecer no organismo por até 24–72 horas, interferindo no metabolismo e no sistema nervoso central, reduzindo o interesse do animal pela comida.


Além disso, a dor pós-operatória — mesmo que bem controlada com analgésicos — pode causar desconforto e contribuir para a inapetência. Assim como em humanos, o mal-estar pode fazer com que o animal prefira se isolar, durma mais do que o habitual e não demonstre vontade de se alimentar.


Outro fator importante é o estresse. A internação hospitalar, o uso de colares elisabetanos, a limitação de movimentos e a mudança de rotina podem gerar um impacto psicológico significativo, levando a uma resposta comportamental de apatia e recusa alimentar.


Do ponto de vista fisiológico, é também relevante considerar que a digestão tende a ser mais lenta durante a fase aguda do pós-operatório. Isso ocorre tanto pelos efeitos dos medicamentos quanto pela redução da atividade física. Em alguns casos, o próprio jejum pré-cirúrgico e a manipulação abdominal durante o procedimento (quando necessária) podem causar náuseas ou desconfortos gastrintestinais.


Embora essa redução do apetite seja, em geral, autolimitada, é fundamental monitorar a duração e a intensidade do quadro. Se o cão não estiver comendo nada por mais de 48 horas ou se houver perda progressiva de peso, vômitos, diarreia ou sinais de apatia acentuada, o ideal é buscar uma reavaliação veterinária. Pode ser necessário ajustar a analgesia, investigar possíveis complicações pós-operatórias, ou até mesmo realizar exames complementares para excluir infecções, inflamações ou distúrbios gastrointestinais associados.


Para auxiliar na recuperação, os tutores podem oferecer alimentos mais palatáveis e nutritivos, como dietas úmidas específicas para recuperação ou refeições caseiras prescritas por um veterinário. Dividir a alimentação em pequenas porções ao longo do dia, oferecer na mão ou esquentar levemente a comida podem ser estratégias eficazes para estimular o apetite. Em casos mais graves, pode-se considerar o uso de estimulantes de apetite ou até suporte nutricional por via enteral, sob orientação profissional.


Por fim, é sempre importante lembrar que cada animal responde de forma diferente ao processo cirúrgico. Observar o comportamento do cão com atenção e manter uma comunicação próxima com o médico-veterinário responsável são atitudes essenciais para garantir que a recuperação seja tranquila e segura.


Referências bibliográficas:

  • Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery. 5th edition. Elsevier.

  • Mathews, K. A., Kronen, P. W., Lascelles, D., Nolan, A., Robertson, S., Steagall, P. V., Wright, B., & Yamashita, K. (2014). Guidelines for recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small Animal Practice, 55(6), E10–E68.


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.






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