Metoclopramida em cães
- Felipe Garofallo

- 20 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A metoclopramida é um fármaco amplamente utilizado na medicina veterinária, especialmente em cães, com propriedades pró-cinéticas e antieméticas.

Seu principal mecanismo de ação envolve o bloqueio dos receptores dopaminérgicos D2 na zona de gatilho do vômito (área postrema) localizada no sistema nervoso central, além de exercer efeito colinérgico periférico, que estimula a motilidade gastrointestinal.
Isso significa que a metoclopramida atua tanto no sistema nervoso central quanto diretamente no trato digestivo, reduzindo náuseas e vômitos e promovendo o esvaziamento gástrico de forma mais eficiente.
Em cães, é indicada principalmente em casos de gastrite, refluxo gastroesofágico, estase gástrica, náuseas induzidas por uremia ou medicamentos, e como coadjuvante no manejo de vômitos causados por distúrbios metabólicos ou infecciosos.
Uso da metoclopramida em cães
Via oral (VO), subcutânea (SC), intramuscular (IM) ou intravenosa (IV)
Dose: 0,2 a 0,5 mg/kg, a cada 8 horas
A infusão contínua intravenosa (em bomba de infusão) pode ser usada em internações, especialmente para casos graves de íleo ou vômito incoercível. A dose nesses casos gira em torno de 1–2 mg/kg/dia, diluída em fluido.
Cuidados importantes
Evitar o uso em cães com obstrução gastrointestinal mecânica (aumenta motilidade e pode agravar o quadro).
Cautela em pacientes com epilepsia ou distúrbios neurológicos, pois pode pode atravessar a barreira hematoencefálica e causar efeitos extrapiramidais.
Não administrar com inibidores da MAO, como selegilina (risco de síndrome serotoninérgica).
Sua ação é mais notável no estômago e no intestino proximal, sendo pouco eficaz em quadros de hipomotilidade intestinal distal. Por esse motivo, é especialmente útil em situações em que há atraso do esvaziamento gástrico ou refluxo esofágico, como em cães pós-operatórios ou em uso de anestésicos que afetam a motilidade gástrica.
A metoclopramida pode ser administrada por via oral, subcutânea, intramuscular ou intravenosa, dependendo da gravidade do quadro e da urgência na resposta.
A dose deve sempre ser determinada por um médico veterinário, levando em conta o peso, a condição clínica do animal e a via de administração.
Em geral, o fármaco é bem tolerado por cães, mas efeitos colaterais podem ocorrer, especialmente em doses elevadas ou em pacientes sensíveis.
Os efeitos adversos mais comuns incluem agitação, hiperatividade, sedação leve, tremores musculares e, em casos raros, reações extrapiramidais devido à sua ação dopaminérgica central.
É importante salientar que a metoclopramida está contraindicada em casos de obstrução gastrointestinal mecânica, hemorragia digestiva ou perfuração, pois sua ação pró-cinética poderia agravar esses quadros.
Também deve ser usada com cautela em animais com epilepsia ou distúrbios neurológicos, uma vez que pode diminuir o limiar convulsivo.
A administração simultânea com antagonistas colinérgicos ou dopaminérgicos, como certos tranquilizantes, pode interferir em sua eficácia ou potencializar efeitos adversos.
Por fim, a metoclopramida é uma ferramenta terapêutica valiosa na prática veterinária, especialmente no manejo de distúrbios gástricos e como suporte sintomático de doenças sistêmicas que causam náuseas.
Quando usada com critério e sob orientação profissional, pode melhorar significativamente o conforto e a recuperação de cães com distúrbios digestivos.
Referências bibliográficas:
Plumb, D.C. (2018). Plumb’s Veterinary Drug Handbook. 9th ed. Wiley-Blackwell.
Papich, M.G. (2021). Saunders Handbook of Veterinary Drugs: Small and Large Animal. 5th ed. Elsevier
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.