Metástase óssea em cães
- Felipe Garofallo

- 9 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A metástase óssea em cães é uma condição clínica grave, geralmente associada ao estágio avançado de neoplasias malignas primárias localizadas em outros órgãos, como glândulas mamárias, próstata, bexiga ou pulmões.

Trata-se da disseminação de células tumorais pela corrente sanguínea ou linfática, que se instalam e proliferam no tecido ósseo, provocando destruição óssea localizada, dor intensa e, muitas vezes, fraturas patológicas.
Embora mais comum em humanos, esse processo também ocorre em cães, especialmente em casos de adenocarcinomas mamários, carcinomas de próstata e hemangiossarcomas.
Clinicamente, a metástase óssea pode se manifestar de forma sutil, com sinais como claudicação progressiva, dor localizada, diminuição da atividade física e relutância ao movimento.
Em alguns casos, o primeiro indício é uma fratura espontânea, em que o osso se rompe com mínimo ou nenhum trauma aparente, devido ao enfraquecimento causado pela invasão neoplásica.
A região mais frequentemente acometida inclui a coluna vertebral, pelve, fêmur proximal, úmero e costelas. O diagnóstico exige um alto grau de suspeita clínica e é geralmente confirmado por exames de imagem, como radiografias, tomografia computadorizada e, em alguns casos, cintilografia óssea. Lesões líticas ou mistas no osso, sem sinais de infecção ou trauma, são sugestivas de metástase, especialmente em cães com histórico de neoplasia primária.
A confirmação diagnóstica definitiva pode ser feita por biópsia óssea, embora nem sempre seja possível ou indicada, principalmente em pacientes com prognóstico reservado. Em muitos casos, o diagnóstico é baseado na associação entre o histórico oncológico, sinais clínicos e achados de imagem.
O tratamento da metástase óssea em cães é, na maioria das vezes, paliativo. O objetivo principal é o controle da dor, manutenção da qualidade de vida e retardar a progressão da destruição óssea.
A analgesia multimodal é fundamental e pode incluir anti-inflamatórios não esteroidais, opioides, adjuvantes neurológicos como gabapentina, amantadina e, em casos selecionados, bisfosfonatos como o pamidronato ou o alendronato de sódio, que ajudam a estabilizar o osso e reduzir a dor associada à reabsorção óssea. Em algumas situações, a radioterapia paliativa pode ser indicada para reduzir o crescimento tumoral local e aliviar o desconforto, embora essa modalidade terapêutica não esteja amplamente disponível em todas as regiões.
A metástase óssea tem um impacto significativo na qualidade de vida e no prognóstico dos cães. Embora não exista cura definitiva nesses casos, o manejo clínico adequado pode proporcionar conforto e dignidade ao paciente.
O acompanhamento contínuo, ajustes terapêuticos e o suporte emocional aos tutores fazem parte do processo de cuidado integral nesses casos desafiadores. Identificar precocemente os sinais de disseminação óssea em pacientes oncológicos é essencial para que o veterinário possa agir de forma proativa, oferecendo opções que minimizem o sofrimento do animal.
Referências bibliográficas:
Bergman, P. J. (2007). Paraneoplastic syndromes and metastasis. In: Withrow, S. J., Vail, D. M. Withrow and MacEwen's Small Animal Clinical Oncology. 4th ed. Saunders, pp. 85–93.
Thrall, D. E. (2017). Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 7th ed. Elsevier, pp. 333–336.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.