A luxação de patela é uma condição ortopédica comum em cães, caracterizada pelo deslocamento da rótula (patela) da tróclea, se local normal no fêmur. Caso a luxação de patela não seja tratada cirurgicamente, várias complicações podem surgir, afetando significativamente a qualidade de vida do animal. As consequências variam em gravidade, dependendo do grau da luxação e da resposta individual do animal.
Inicialmente, a luxação de patela causa dor e claudicação intermitente. O cão pode apresentar uma marcha anormal, levantando a perna afetada ou correndo com uma marcha saltitante. Esses episódios de desconforto podem aumentar em frequência e intensidade ao longo do tempo, resultando em dor crônica. A dor persistente pode levar a uma diminuição da atividade física, o que pode afetar negativamente o bem-estar geral do animal.
A luxação de patela também pode causar danos progressivos às estruturas articulares. Quando a patela se desloca repetidamente, ela pode desgastar a cartilagem da tróclea, resultando em osteoartrite.
A osteoartrite é uma condição degenerativa dolorosa que afeta a mobilidade da articulação, levando a uma rigidez significativa e perda de função. Sem intervenção cirúrgica, a progressão da osteoartrite é inevitável, e o manejo conservador torna-se menos eficaz com o tempo.
Além da artrite, a luxação de patela pode causar danos a outras estruturas ao redor do joelho. O deslocamento contínuo da patela pode levar à tensão e ruptura dos ligamentos e tendões circundantes, como o ligamento cruzado cranial (LCC). A ruptura do LCC é uma complicação séria que resulta em instabilidade severa da articulação do joelho, aumentando a dor e a disfunção articular. Cães com ruptura do LCC frequentemente necessitam de cirurgia para restaurar a estabilidade articular, complicando ainda mais o quadro clínico.
A qualidade de vida do cão também é severamente impactada. A dor e a limitação de movimento podem levar à diminuição do apetite, perda de peso e, em alguns casos, depressão.
O animal pode se tornar menos social e evitar interações com outros cães e humanos. Essa mudança no comportamento pode afetar negativamente o vínculo entre o animal e o proprietário, além de diminuir o bem-estar geral do cão.
O manejo conservador da luxação de patela, sem cirurgia, inclui controle da dor, fisioterapia e modificações no estilo de vida. No entanto, essas medidas geralmente oferecem apenas alívio temporário e não abordam a causa subjacente da luxação. Fisioterapia e exercícios podem ajudar a fortalecer os músculos ao redor da articulação, mas não podem corrigir a instabilidade anatômica. O uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos também pode levar a efeitos colaterais indesejados, como problemas gastrointestinais e hepáticos.
Em casos graves, a incapacidade de tratar adequadamente a luxação de patela pode levar à dor crônica e a disfunção severa da articulação podem ser debilitantes, tornando a vida do animal insuportável. Essa decisão difícil é frequentemente um último recurso quando todas as outras opções de tratamento falham em proporcionar alívio.
Portanto, embora a cirurgia para luxação de patela envolva custos e um período de recuperação, ela oferece a melhor chance de restaurar a função normal da articulação e melhorar a qualidade de vida do animal. A intervenção cirúrgica precoce pode prevenir a progressão da osteoartrite e outras complicações, proporcionando ao cão uma vida ativa e confortável.
Referências bibliográficas
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Arthurs, G. I., & Langley-Hobbs, S. J. (2006). Complications Associated with Corrective Surgery for Patellar Luxation in Dogs. Journal of Small Animal Practice, 47(9), 392-394.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.
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