Luteína e Zeaxantina em cães
- Felipe Garofallo

- 17 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A luteína e a zeaxantina são carotenoides da família das xantofilas, encontrados em altas concentrações em vegetais de cor verde-escura, como espinafre e couve, e em alimentos de cor amarela e laranja, como milho e gema de ovo.

Em cães, essas substâncias são reconhecidas principalmente pelo papel fundamental na saúde ocular, atuando como antioxidantes potentes e filtros naturais de luz, com especial importância na proteção contra danos causados pela radiação ultravioleta (UV) e pela luz azul de alta energia.
Na retina, luteína e zeaxantina se acumulam na mácula e no cristalino, onde ajudam a neutralizar radicais livres e a reduzir o estresse oxidativo — um dos fatores implicados no desenvolvimento de doenças oculares degenerativas, como catarata, degeneração retiniana e outras alterações associadas ao envelhecimento.
Além disso, essas xantofilas agem como filtros ópticos, absorvendo parte da luz prejudicial antes que ela atinja estruturas sensíveis, o que auxilia na preservação da acuidade visual.
Em medicina veterinária, a suplementação com luteína e zeaxantina é utilizada principalmente como parte de protocolos de suporte ocular para cães idosos, raças predispostas a doenças retinianas (como Cocker Spaniel, Golden Retriever e Labrador Retriever) e animais com histórico de estresse oxidativo elevado, seja por inflamações crônicas, exposição solar intensa ou doenças sistêmicas.
Estudos indicam que essas substâncias, quando administradas em doses adequadas, podem melhorar a densidade óptica do pigmento macular, reduzir a peroxidação lipídica ocular e potencialmente retardar a progressão de alterações degenerativas.
Além da saúde ocular, há evidências crescentes de que luteína e zeaxantina também exercem efeitos antioxidantes sistêmicos, podendo beneficiar o sistema nervoso central. Por atravessarem a barreira hematoencefálica, podem ajudar na preservação da função cognitiva, modulando a inflamação cerebral e protegendo neurônios contra danos oxidativos, especialmente em cães idosos.
A suplementação é geralmente segura, desde que respeitadas as doses recomendadas para cães. Os efeitos adversos são raros, mas podem incluir distúrbios gastrointestinais leves quando administradas em excesso.
É importante utilizar produtos de qualidade, com quantidades padronizadas e biodisponibilidade comprovada, já que a absorção desses carotenoides depende da presença de gordura na dieta.
Embora luteína e zeaxantina possam ser obtidas por meio da alimentação natural, como pela inclusão controlada de vegetais ricos nesses pigmentos, a suplementação com extratos concentrados garante aporte mais consistente, principalmente em pacientes que necessitam de doses terapêuticas.
No entanto, seu uso deve ser considerado parte de uma abordagem multimodal, associada a outras medidas de prevenção e tratamento das doenças oculares e neurológicas.
Referências bibliográficas
Barker FM, et al. Dietary supplementation with lutein improves retinal function in dogs. Vet Ophthalmol. 2011;14(2):107-114.
Schweitzer NM, et al. Lutein and zeaxanthin and their roles in eye health in dogs and cats. J Am Vet Med Assoc. 2016;248(6):592-600.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.