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Lesões de tendão em cães: como diagnosticar e tratar

As lesões tendíneas em cães representam um desafio diagnóstico e terapêutico na ortopedia veterinária, devido ao caráter insidioso de muitas dessas afecções e à importância biomecânica dos tendões na locomoção.


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Os tendões são estruturas fibrosas compostas predominantemente por colágeno tipo I, responsáveis por transmitir a força muscular ao osso.


Quando submetidos a sobrecarga, trauma direto ou degeneração progressiva, sofrem microlesões que, se não identificadas precocemente, podem evoluir para rupturas parciais ou completas.


O diagnóstico precoce é essencial para garantir um prognóstico favorável. Inicialmente, o animal pode apresentar apenas claudicação discreta, relutância ao movimento ou dor à palpação localizada.


O exame físico deve incluir inspeção cuidadosa, palpação comparativa bilateral e avaliação dinâmica da marcha.


Em muitos casos, a inflamação inicial não é evidente à radiografia, motivo pelo qual a ultrassonografia musculoesquelética é o método de escolha.


Esse exame permite visualizar alterações de ecogenicidade, espessamento tendíneo, áreas de descontinuidade e presença de líquido peritendíneo, sendo ideal para o diagnóstico e acompanhamento da cicatrização.


Em casos mais complexos, a ressonância magnética oferece detalhamento tridimensional das fibras tendíneas e da inserção óssea.


O tratamento varia conforme o grau da lesão. Nas tendinites leves, a abordagem conservadora com repouso controlado, crioterapia nas fases iniciais e o uso de anti-inflamatórios não esteroidais costuma ser eficaz.


A reabilitação precoce com fisioterapia, laserterapia e ultrassom terapêutico auxilia na organização das fibras colágenas e reduz o risco de aderências.


Em casos de ruptura parcial significativa, pode-se associar terapia regenerativa, como o uso de plasma rico em plaquetas (PRP) ou células-tronco mesenquimais, que aceleram o reparo tecidual e promovem regeneração de colágeno de melhor qualidade.


Nas rupturas completas, o tratamento cirúrgico é indispensável. A sutura tendínea deve ser feita com técnica que ofereça resistência à tração e estimule o alinhamento longitudinal das fibras, como o padrão “locking loop” ou “Bunnell-Mayer”.


Após a cirurgia, a imobilização temporária e a reabilitação progressiva são cruciais para evitar re-rupturas e garantir o retorno funcional.


O processo de cicatrização tendínea é lento e pode levar de 8 a 12 semanas, exigindo monitoramento clínico e ultrassonográfico contínuo.


Em resumo, as lesões tendíneas exigem diagnóstico precoce e manejo individualizado para evitar sequelas funcionais.


A integração entre diagnóstico por imagem, terapias regenerativas e reabilitação física moderna é o caminho mais eficaz para restaurar a força, elasticidade e estabilidade do tendão lesionado.


Referências bibliográficas:


1. Millis, D. L., & Levine, D. (2014). *Canine Rehabilitation and Physical Therapy* (2nd ed.). Elsevier.


2. Pettitt, R. A., & German, A. J. (2015). Investigation and management of tendon injuries in dogs. *In Practice*, 37(8), 363–374.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
Whatsapp: (11)97522-5102
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