Labrador idoso com artrose: como melhorar a qualidade de vida
- Felipe Garofallo

- 29 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Com o avanço da idade, é comum que cães de raças grandes, como o Labrador Retriever, desenvolvam doenças articulares, sendo a artrose uma das mais frequentes. Essa condição degenerativa, também conhecida como osteoartrite, pode causar dor, rigidez e dificuldade de locomoção, afetando diretamente a qualidade de vida do animal.
A boa notícia é que existem diversas formas de manejo e tratamento que podem melhorar significativamente o conforto e a mobilidade do seu pet.

Neste artigo, você vai entender o que é a artrose, por que ela acomete Labradores idosos com frequência, e o que você pode fazer para ajudar seu companheiro a viver com mais bem-estar.
O que é artrose e por que atinge Labradores?
A artrose é uma doença crônica e progressiva que afeta as articulações, provocando o desgaste da cartilagem, inflamação e formação de osteófitos. Com o tempo, isso gera dor, perda de amplitude de movimento e dificuldade para se levantar, caminhar ou subir escadas.
Labradores estão entre as raças com maior predisposição genética à displasia coxofemoral, displasia de cotovelo e outras alterações ortopédicas que, com o passar dos anos, contribuem para o desenvolvimento da artrose. Além disso, essa raça tende a ganhar peso com facilidade, o que sobrecarrega ainda mais as articulações.
Sinais de artrose em Labradores idosos
Os sinais podem começar sutis e se intensificar com o tempo:
Dificuldade para levantar-se após longos períodos deitado
Redução no ritmo dos passeios
Hesitação ao subir degraus ou entrar no carro
Lambedura constante de articulações doloridas
Mudanças comportamentais, como irritação ou isolamento
Ao notar qualquer um desses sinais, o ideal é agendar uma consulta veterinária especializada para avaliação ortopédica e realização de exames de imagem (como radiografias).
Como melhorar a qualidade de vida de um Labrador com artrose
1. Controle rigoroso do peso
A obesidade é um dos principais agravantes da artrose. Reduzir o peso corporal do seu cão, mesmo que em 10%, pode diminuir significativamente a carga sobre as articulações e a dor sentida pelo animal.
2. Suplementação e condroprotetores
Suplementos com glucosamina, condroitina, ácido hialurônico e ômega 3 auxiliam na manutenção da cartilagem e na redução da inflamação articular. Podem ser administrados por via oral ou, em alguns casos, por injeções intra-articulares.
3. Antiinflamatórios e terapias analgésicas
Em casos moderados a graves, o uso de medicamentos antiinflamatórios como o Galliprant ou os anticorpos monoclonais (como o Librela) tem mostrado excelentes resultados, com controle da dor crônica sem os efeitos colaterais gástricos comuns em outros fármacos.
4. Fisioterapia e acupuntura
As terapias físicas ajudam a manter a musculatura ativa e evitar atrofias. Sessões regulares de fisioterapia veterinária com exercícios de baixo impacto, esteira aquática e eletroterapia podem melhorar drasticamente a mobilidade e o bem-estar. A acupuntura também é uma aliada no controle da dor crônica.
5. Adaptações ambientais
Pequenas mudanças no ambiente podem fazer uma grande diferença:
Tapetes antiderrapantes em áreas escorregadias
Camas ortopédicas e elevadas
Rampa de acesso para carros ou sofás
Evitar pisos lisos e escadas
6. Monitoramento contínuo
A artrose é uma condição progressiva. Por isso, o acompanhamento veterinário deve ser contínuo, com reavaliações periódicas para ajuste do plano terapêutico.
Vale a pena operar?
Em casos em que há uma causa ortopédica subjacente, como ruptura de ligamento cruzado ou displasia severa, a cirurgia pode ser indicada para corrigir a instabilidade e reduzir a progressão da artrose. Cada caso deve ser avaliado individualmente.
Conclusão
Com um bom manejo clínico e cuidados contínuos, é possível proporcionar qualidade de vida e bem-estar ao seu Labrador idoso, mesmo com artrose. A chave está em atuar de forma precoce, multidisciplinar e personalizada, garantindo conforto, mobilidade e alegria em todas as fases da vida do seu companheiro.
Referências
Johnston, S.A. (1997). Osteoarthritis: Joint anatomy, physiology, and pathobiology. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice.
Moreau, M. et al. (2013). Clinical evaluation of a therapeutic diet for the management of naturally occurring osteoarthritis in dogs. Canadian Veterinary Journal.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.