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Intoxicação por aspirina em cães

Atualizado: 26 de jul.

A intoxicação por aspirina em cães é uma condição potencialmente grave que pode ocorrer quando o animal consome esse medicamento sem orientação veterinária, seja por administração equivocada pelo tutor ou por ingestão acidental.


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A aspirina, cujo princípio ativo é o ácido acetilsalicílico, pertence ao grupo dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e é amplamente utilizada na medicina humana por suas propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias. No entanto, o metabolismo dos cães é diferente do dos humanos, e isso torna seu uso em pets algo que requer extremo cuidado e supervisão profissional.


Quando um cão ingere aspirina em doses inadequadas ou por um período prolongado, os riscos de toxicidade aumentam significativamente. A toxicidade pode se manifestar de várias formas, e os sinais clínicos variam conforme a dose ingerida, o porte do animal, a idade, o estado de saúde e o tempo desde a ingestão.


Em casos leves, pode-se observar vômitos, diarreia, letargia e inapetência. Já em quadros mais graves, a aspirina pode causar úlceras gástricas, vômitos com sangue (hematêmese), fezes enegrecidas (melena), alterações neurológicas, dificuldade respiratória, insuficiência renal e até convulsões.


Um dos principais mecanismos pelos quais a aspirina causa danos é a inibição da enzima ciclooxigenase (COX), que é responsável pela produção de prostaglandinas.


Essas substâncias são fundamentais para a proteção da mucosa gástrica, para a regulação do fluxo sanguíneo renal e para o controle da agregação plaquetária.


Quando há inibição indiscriminada dessas enzimas, o organismo do animal fica vulnerável a hemorragias, alterações gastrointestinais e insuficiência de múltiplos órgãos.


O tratamento da intoxicação por aspirina depende da rapidez com que o cão é levado ao atendimento veterinário e da quantidade ingerida. Se a ingestão for recente, o veterinário pode induzir o vômito e administrar carvão ativado para reduzir a absorção do medicamento.


Em seguida, é fundamental estabilizar o paciente com fluidoterapia intravenosa, medicamentos gastroprotetores, analgésicos seguros e monitoramento constante da função renal e hepática. Em situações graves, pode ser necessário internamento prolongado, transfusões sanguíneas e suporte intensivo.


É fundamental que tutores nunca administrem aspirina ou qualquer outro medicamento humano aos seus cães sem prescrição veterinária.


Mesmo doses que parecem pequenas para um adulto humano podem ser tóxicas para um cão de porte pequeno. Além disso, existem alternativas mais seguras e específicas dentro da medicina veterinária para o controle de dor e inflamação em pets.


Portanto, a prevenção continua sendo a principal estratégia. Medicamentos humanos devem ser mantidos fora do alcance dos animais, e qualquer sinal clínico atípico após a ingestão acidental ou uso de aspirina deve motivar a busca imediata por atendimento veterinário.


O prognóstico pode ser favorável se o tratamento for iniciado precocemente, mas o risco de complicações severas e até de óbito é real quando a intervenção é tardia.


Referências bibliográficas:

Plumb, D. C. (2018). Plumb’s Veterinary Drug Handbook (9th ed.). Wiley-Blackwell.

Osweiler, G. D. (1996). Toxicology. Williams & Wilkins.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


 
 

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