Infecções por Pseudomonas spp. em cães são preocupantes devido à resistência intrínseca e adquirida dessa bactéria a muitos antibióticos. Pseudomonas aeruginosa é o patógeno mais comum do gênero, frequentemente envolvido em infecções de pele, ouvidos, trato urinário e respiratório em cães. Este microrganismo é ubiquitário, encontrando-se no solo, na água e na vegetação, o que facilita a contaminação ambiental e a infecção de animais predispostos.
A infecção por Pseudomonas spp. pode ser oportunista, geralmente ocorrendo em animais com sistema imunológico comprometido ou com barreiras epiteliais danificadas, como em casos de feridas ou doenças crônicas. Em cães, a otite externa é uma das manifestações mais frequentes. Pseudomonas aeruginosa é capaz de aderir e formar biofilmes em superfícies, dificultando o tratamento com antibióticos devido à proteção que o biofilme oferece às bactérias. A otite causada por Pseudomonas pode ser recalcitrante e de difícil manejo, frequentemente exigindo tratamentos prolongados e mudanças de antibióticos devido à resistência desenvolvida durante o tratamento.
O diagnóstico de infecções por Pseudomonas spp. envolve a coleta de amostras do local infectado e a realização de culturas bacterianas e testes de sensibilidade aos antibióticos. A identificação precisa do patógeno e a determinação do perfil de resistência são cruciais para a escolha do tratamento adequado, pois Pseudomonas aeruginosa é conhecida por sua resistência a muitos antibióticos, incluindo a maioria das penicilinas e cefalosporinas de primeira e segunda geração.
O tratamento dessas infecções pode ser desafiador. Antibióticos como aminoglicosídeos (por exemplo, gentamicina e amikacina), fluoroquinolonas (como enrofloxacino e ciprofloxacino) e certos beta-lactâmicos (como ceftazidima e imipenem) são frequentemente necessários. Em casos de otite externa por Pseudomonas, o tratamento pode incluir a limpeza rigorosa do canal auditivo e a administração tópica de antibióticos, além do tratamento sistêmico. A terapia de suporte, como o controle da inflamação e dor, é igualmente importante para o sucesso do tratamento.
A prevenção de infecções por Pseudomonas spp. envolve medidas de controle ambiental e higiene rigorosa, especialmente em ambientes hospitalares e clínicas veterinárias.
A descontaminação adequada de superfícies e equipamentos, bem como o manejo adequado de feridas e lesões, são passos fundamentais para reduzir o risco de infecção. Além disso, a utilização criteriosa de antibióticos é essencial para minimizar o desenvolvimento de resistência.
No contexto das infecções por Pseudomonas spp. em cães, a colaboração entre veterinários e microbiologistas é vital para a gestão eficaz dessas infecções. A vigilância contínua e o estudo dos padrões de resistência auxiliam na elaboração de protocolos de tratamento mais eficazes e na prevenção da disseminação de cepas resistentes.
Referências bibliográficas
1. Prescott, J. F., et al. (2021). Antimicrobial Therapy in Veterinary Medicine. John Wiley & Sons.
2. Quinn, P. J., et al. (2011). Veterinary Microbiology and Microbial Disease. Wiley-Blackwell.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.
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