Gabapentina pode dar sono em cães?
- Felipe Garofallo

- 12 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
A gabapentina é um medicamento frequentemente utilizado na medicina veterinária, especialmente em casos que envolvem dor crônica, dor neuropática e controle de convulsões em cães.

Seu uso tem se tornado cada vez mais comum por conta da sua boa tolerabilidade e da eficácia em diversas condições clínicas, incluindo doenças ortopédicas, doenças neurológicas e como coadjuvante no manejo da ansiedade.
Uma das perguntas mais comuns entre tutores de cães que estão em tratamento com gabapentina é se ela provoca sono ou sedação. De fato, a resposta é sim: a gabapentina pode causar sonolência em cães.
A sonolência é um efeito colateral conhecido do medicamento, especialmente nos primeiros dias de uso ou quando a dose é aumentada. Isso acontece porque a gabapentina age no sistema nervoso central, modulando a liberação de neurotransmissores e diminuindo a excitabilidade dos neurônios. Essa ação resulta em um efeito calmante e, por vezes, sedativo, o que pode fazer com que o animal fique mais quieto, letárgico ou durma por mais tempo que o habitual.
No entanto, esse efeito costuma ser leve e transitório na maioria dos casos. Muitos cães se adaptam à medicação ao longo de alguns dias e a sonolência diminui ou desaparece com o tempo. Em casos nos quais o sono interfere na qualidade de vida ou nas atividades normais do animal, o veterinário pode ajustar a dose ou o horário da administração — por exemplo, oferecendo a gabapentina apenas à noite para aproveitar esse efeito sedativo de forma benéfica, promovendo conforto e descanso durante a madrugada.
É importante destacar que a sonolência causada pela gabapentina não é, em si, um sinal de problema grave, mas sim um efeito colateral previsto e geralmente manejável. Ainda assim, qualquer mudança significativa no comportamento do animal deve ser comunicada ao médico veterinário responsável. Casos raros podem envolver reações adversas mais intensas, como ataxia (dificuldade de coordenação motora), que também estão relacionadas ao efeito central do fármaco.
Além da sedação, a gabapentina pode ser vantajosa justamente por esse efeito calmante em pacientes que sofrem com dores crônicas, já que o descanso e o relaxamento são fundamentais para o processo de recuperação. Em animais com dor neuropática, como os que apresentam hérnia de disco ou síndromes de hiperalgesia, a gabapentina pode ser a chave para aliviar o desconforto e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Por fim, vale ressaltar que a gabapentina deve sempre ser utilizada sob prescrição e acompanhamento veterinário, com dosagem ajustada de acordo com o porte, condição clínica e resposta individual do paciente.
Referências bibliográficas:
Plumb, D. C. (2018). Plumb’s Veterinary Drug Handbook. 9ª edição. Wiley-Blackwell.
Epstein, M. E., Rodan, I., Griffenhagen, G., et al. (2015). 2015 AAHA/AAFP Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of the American Animal Hospital Association, 51(2), 67–84.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.