Fraturas patológicas em cães: causas metabólicas e oncológicas
- Felipe Garofallo

- 16 de set.
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As fraturas patológicas em cães são aquelas que ocorrem em ossos previamente enfraquecidos por doenças locais ou sistêmicas, sem a necessidade de um trauma significativo.

Entre as principais causas estão as alterações metabólicas e as oncológicas, que comprometem a integridade estrutural do tecido ósseo e aumentam o risco de ruptura mesmo em situações de esforço rotineiro.
Do ponto de vista metabólico, a mais clássica é o hiperparatireoidismo secundário nutricional ou renal. No nutricional, dietas caseiras desequilibradas, pobres em cálcio e ricas em fósforo, levam a um quadro de osteodistrofia fibrosa, no qual o osso é progressivamente substituído por tecido fibroso, tornando-se poroso e frágil.
No hiperparatireoidismo renal, a retenção de fósforo e a deficiência de vitamina D reduzem a mineralização, resultando em ossos deformados e propensos a fraturas.
Outra condição é o raquitismo, decorrente de deficiência de vitamina D, cálcio ou fósforo em animais jovens, que gera atraso na ossificação endocondral, deformidades e baixa resistência óssea.
O osteodistrofia hipertrófica (HOD) e a osteogênese imperfeita, embora menos comuns, também podem predispor a fraturas.
Já entre as causas oncológicas, destacam-se os tumores primários do osso, sendo o osteossarcoma o mais frequente em cães. Esse tumor destrói a arquitetura óssea normal, substituindo-a por tecido tumoral de baixa resistência, predispondo a fraturas chamadas de “patológicas”.
Outros tumores primários, como condrossarcoma, fibrossarcoma e hemangiossarcoma ósseo, embora menos comuns, também podem ter esse efeito.
Além disso, metástases ósseas de tumores como carcinoma de próstata, carcinoma mamário e hemangiossarcoma esplênico podem fragilizar ossos longos ou vértebras, levando a fraturas espontâneas.
O reconhecimento de fraturas patológicas é fundamental, já que seu manejo difere das fraturas traumáticas. Radiograficamente, observam-se áreas de lise óssea, cortical fina, reação periosteal irregular ou deformidades difusas.
A correção cirúrgica nem sempre é indicada, especialmente nos casos oncológicos avançados, em que o prognóstico é reservado a curto prazo e o tratamento paliativo pode ser mais adequado. Nas causas metabólicas, o tratamento da doença de base é essencial, associado à estabilização ortopédica quando possível.
Em resumo, as fraturas patológicas em cães têm causas distintas, mas partilham o mesmo mecanismo: a perda da resistência óssea fisiológica. Reconhecer se a origem é metabólica ou oncológica direciona não apenas a conduta ortopédica, mas também o prognóstico e as expectativas do tutor.
Referências bibliográficas
Fossum TW. Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier; 2018.
Withrow SJ, Vail DM, Page RL. Withrow and MacEwen’s Small Animal Clinical Oncology. 6th ed. Elsevier; 2020.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.