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Fraturas patológicas em cães: causas metabólicas e oncológicas

As fraturas patológicas em cães são aquelas que ocorrem em ossos previamente enfraquecidos por doenças locais ou sistêmicas, sem a necessidade de um trauma significativo.


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Entre as principais causas estão as alterações metabólicas e as oncológicas, que comprometem a integridade estrutural do tecido ósseo e aumentam o risco de ruptura mesmo em situações de esforço rotineiro.


Do ponto de vista metabólico, a mais clássica é o hiperparatireoidismo secundário nutricional ou renal. No nutricional, dietas caseiras desequilibradas, pobres em cálcio e ricas em fósforo, levam a um quadro de osteodistrofia fibrosa, no qual o osso é progressivamente substituído por tecido fibroso, tornando-se poroso e frágil.


No hiperparatireoidismo renal, a retenção de fósforo e a deficiência de vitamina D reduzem a mineralização, resultando em ossos deformados e propensos a fraturas.


Outra condição é o raquitismo, decorrente de deficiência de vitamina D, cálcio ou fósforo em animais jovens, que gera atraso na ossificação endocondral, deformidades e baixa resistência óssea.


O osteodistrofia hipertrófica (HOD) e a osteogênese imperfeita, embora menos comuns, também podem predispor a fraturas.


Já entre as causas oncológicas, destacam-se os tumores primários do osso, sendo o osteossarcoma o mais frequente em cães. Esse tumor destrói a arquitetura óssea normal, substituindo-a por tecido tumoral de baixa resistência, predispondo a fraturas chamadas de “patológicas”.


Outros tumores primários, como condrossarcoma, fibrossarcoma e hemangiossarcoma ósseo, embora menos comuns, também podem ter esse efeito.


Além disso, metástases ósseas de tumores como carcinoma de próstata, carcinoma mamário e hemangiossarcoma esplênico podem fragilizar ossos longos ou vértebras, levando a fraturas espontâneas.


O reconhecimento de fraturas patológicas é fundamental, já que seu manejo difere das fraturas traumáticas. Radiograficamente, observam-se áreas de lise óssea, cortical fina, reação periosteal irregular ou deformidades difusas.


A correção cirúrgica nem sempre é indicada, especialmente nos casos oncológicos avançados, em que o prognóstico é reservado a curto prazo e o tratamento paliativo pode ser mais adequado. Nas causas metabólicas, o tratamento da doença de base é essencial, associado à estabilização ortopédica quando possível.


Em resumo, as fraturas patológicas em cães têm causas distintas, mas partilham o mesmo mecanismo: a perda da resistência óssea fisiológica. Reconhecer se a origem é metabólica ou oncológica direciona não apenas a conduta ortopédica, mas também o prognóstico e as expectativas do tutor.

Referências bibliográficas

Fossum TW. Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier; 2018.

Withrow SJ, Vail DM, Page RL. Withrow and MacEwen’s Small Animal Clinical Oncology. 6th ed. Elsevier; 2020.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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