Optar por não realizar a cirurgia para reparar uma fratura em seu pet pode levar a uma série de consequências graves e, potencialmente, debilitantes.
As fraturas em animais, assim como em humanos, são lesões sérias que requerem intervenção adequada para garantir a recuperação e a qualidade de vida do animal. O tratamento conservador de fraturas, sem cirurgia, pode ser apropriado em alguns casos específicos, mas geralmente, a cirurgia é recomendada para assegurar a estabilização correta do osso e a recuperação funcional.
Sem a cirurgia, a fratura pode não cicatrizar adequadamente, resultando em uma condição conhecida como "não união" ou "pseudoartrose". Nessa condição, o osso quebrado não se reconecta e cicatriza como deveria, formando uma falsa articulação no local da fratura. Isso pode causar dor crônica e instabilidade na área afetada, prejudicando a mobilidade do animal e sua capacidade de realizar atividades diárias.
Outra possível consequência é a "mal união", onde os fragmentos ósseos cicatrizam em uma posição incorreta. Isso pode levar a deformidades ósseas que resultam em disfunção permanente da extremidade afetada, causando claudicação (mancar) e alterações na marcha. Essas deformidades podem, a longo prazo, sobrecarregar outras articulações e músculos, levando a problemas ortopédicos secundários.
A fratura não tratada também pode resultar em dor crônica e sofrimento contínuo para o animal. A dor persistente pode levar a uma diminuição significativa na qualidade de vida, afetando o comportamento e o bem-estar geral do pet. Animais com dor crônica podem se tornar menos ativos, perder o apetite, e mostrar sinais de depressão e ansiedade.
Além disso, uma fratura instável pode causar danos adicionais aos tecidos circundantes, como músculos, nervos e vasos sanguíneos. Isso pode resultar em complicações adicionais, como perda de função nervosa ou vascular, que podem ser difíceis ou impossíveis de corrigir mesmo com intervenção posterior.
Em casos mais graves, a fratura não tratada pode levar a infecções ósseas, conhecidas como osteomielite. Esta condição ocorre quando bactérias invadem o osso fraturado, causando inflamação, dor intensa e febre. A osteomielite é uma condição séria que pode ser difícil de tratar e pode exigir intervenções médicas prolongadas, incluindo o uso de antibióticos e, em alguns casos, cirurgias adicionais para remover o tecido ósseo infectado.
Sem a intervenção cirúrgica, há também um risco aumentado de problemas articulares degenerativos no futuro, como a artrite. A instabilidade e o alinhamento incorreto dos ossos podem acelerar o desgaste das articulações, levando a dor e rigidez progressivas, limitando a mobilidade do animal à medida que envelhece.
Portanto, ao considerar os riscos e as possíveis complicações de não realizar a cirurgia para reparar uma fratura, é fundamental pesar as consequências para a saúde e o bem-estar a longo prazo do seu pet. Consultar um veterinário ortopedista é crucial para obter uma avaliação completa e discutir todas as opções de tratamento, incluindo os potenciais benefícios da cirurgia versus os riscos de não tratar a fratura adequadamente.
Referências bibliográficas
Fossum, T. W. (2013). Small Animal Surgery. 4th ed. Elsevier Mosby.
Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Brinker, Piermattei, and Flo's Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Saunders.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.
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