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Fraturas de rádio e ulna em raças toy: sempre precisa retirar o implante?

As fraturas de rádio e ulna em cães de raças toy representam um desafio particular na ortopedia veterinária.


Esses animais, por apresentarem ossos longos finos, delicados e com limitado suprimento sanguíneo, estão predispostos a complicações como retardo de consolidação e não união óssea.


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O tratamento mais indicado nesses casos costuma ser a fixação rígida com placas e parafusos, já que a imobilização com gesso ou talas raramente oferece estabilidade suficiente para garantir a cicatrização adequada.


A questão sobre a retirada ou não do implante após a consolidação da fratura é motivo de debate. Em raças toy, a permanência do material de síntese pode, em alguns casos, gerar complicações a longo prazo. Entre elas, destacam-se o risco de re-fratura na interface osso-implante, principalmente porque o osso desses animais tende a ser mais frágil e a distribuição de cargas pode ser alterada pela presença da placa.


Além disso, a alta relação entre o tamanho do implante e o diâmetro do osso faz com que o estresse mecânico seja mais concentrado, favorecendo microfraturas adjacentes.


Por outro lado, a remoção de implantes não deve ser feita de forma indiscriminada. Trata-se de uma nova cirurgia, que expõe o animal a anestesia, risco de infecção, dor pós-operatória e até complicações no processo de retirada, como quebra de parafusos ou lesão do tecido ósseo.


Em muitos pacientes, especialmente quando não há sinais clínicos de dor, infecção, rejeição ou risco evidente de complicação, a placa pode permanecer de forma permanente sem trazer prejuízos à qualidade de vida.


O que a literatura e a prática clínica sugerem é que, em cães de raças toy, a decisão deve ser individualizada.


A retirada é considerada principalmente quando há sinais de dor crônica associados ao implante, infecção, afrouxamento de parafusos ou risco evidente de fratura no local.


Em animais jovens e ativos, alguns cirurgiões preferem recomendar a remoção preventiva para reduzir a chance de complicações futuras. Já em pacientes mais velhos ou em casos de consolidação estável e assintomática, muitas vezes a manutenção é a escolha mais prudente.


Portanto, não existe uma regra absoluta de que todo implante em fraturas de rádio e ulna de raças toy deva ser retirado. A decisão deve sempre considerar fatores como idade, nível de atividade do animal, qualidade da consolidação óssea, tipo de implante utilizado e eventuais sinais clínicos associados.


O acompanhamento radiográfico periódico após a consolidação é essencial para identificar precocemente qualquer alteração que justifique a necessidade da retirada.


Referências bibliográficas

Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2016). Brinker, Piermattei, and Flo's Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Elsevier.


Fossum, T. W. (2019). Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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