Fratura ou luxação? Qual a diferença?
- Felipe Garofallo

- 11 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Fraturas e luxações são dois tipos distintos de lesões ortopédicas que acometem ossos e articulações, respectivamente. Embora ambas possam ser causadas por traumas — como quedas, atropelamentos ou pancadas —, seus mecanismos, sintomas, tratamentos e consequências são bastante diferentes.

Uma fratura ocorre quando há uma ruptura na continuidade do osso. Isso significa que o osso sofreu uma quebra, que pode variar de uma simples fissura até uma fragmentação completa. As fraturas podem ser classificadas de diversas formas, como fechadas (quando o osso quebrado não atravessa a pele) ou expostas (quando há rompimento da pele e exposição óssea, aumentando o risco de infecção).
Elas também podem ser transversais, oblíquas, cominutivas, entre outras classificações, dependendo do padrão da quebra. A dor intensa, o inchaço, a dificuldade de movimentação e a deformidade no local são sintomas comuns. Em alguns casos, é possível ouvir um estalido no momento da fratura. O tratamento vai depender do tipo e da gravidade da lesão, podendo incluir desde imobilizações com talas ou gessos até cirurgias com implantes, como placas, parafusos ou hastes.
Já a luxação é caracterizada pelo deslocamento anormal de um osso em relação à articulação. Em uma articulação normal, os ossos se encaixam perfeitamente entre si e são mantidos em posição por ligamentos, cápsulas articulares e músculos.
Quando esses elementos de suporte falham — seja por um trauma direto ou por uma predisposição anatômica —, o osso pode sair de sua posição normal, causando uma luxação. Isso pode comprometer a função da articulação e levar a danos aos ligamentos e nervos ao redor.
O paciente costuma apresentar dor aguda, limitação total do movimento da articulação e, muitas vezes, deformidade visível. A redução da luxação, ou seja, o retorno do osso à sua posição correta, geralmente precisa ser feita com urgência, preferencialmente sob sedação ou anestesia, para evitar maiores danos às estruturas envolvidas.
Após a redução, o local costuma ser imobilizado e o paciente deve fazer repouso. Em casos recorrentes ou com lesões associadas, pode ser necessário um procedimento cirúrgico corretivo.
Apesar de distintas, fraturas e luxações podem ocorrer simultaneamente, especialmente em traumas de alta energia.
Em cães e gatos, por exemplo, é comum encontrar luxações associadas a fraturas nos membros posteriores após quedas de grandes alturas. O diagnóstico em ambos os casos é feito por exame clínico e radiografias, sendo essencial contar com um veterinário ou ortopedista experiente para avaliar corretamente e indicar o melhor plano terapêutico.
É importante destacar que tanto fraturas quanto luxações, se não tratadas adequadamente, podem levar a sequelas funcionais permanentes. Isso inclui dor crônica, claudicação (mancar), instabilidade articular e até mesmo a necessidade de amputação em casos extremos. Por isso, diante de qualquer suspeita, é fundamental buscar atendimento especializado o quanto antes.
Referências bibliográficas:
Fossum, T. W. Small Animal Surgery, 5th ed. Elsevier, 2018.
Johnson, K. A. Piermattei’s Atlas of Surgical Approaches to the Bones and Joints of the Dog and Cat, 5th ed. Elsevier, 2014.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.