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Fratura de Salter Harris tipo VI

Atualizado: 12 de set.

A fratura de Salter-Harris tipo VI é uma classificação pouco comum e, por isso, menos conhecida entre os tipos de fratura que acometem a placa de crescimento (fise) em animais jovens.


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A fratura de Salter Harris tipo VI foi descrita posteriormente às cinco categorias clássicas da classificação, como uma variante envolvendo perda localizada de parte da fise devido a trauma direto, infecção ou outro processo destrutivo.


Essa fratura resulta na formação de uma ponte óssea entre a epífise e a metáfise, o que pode prejudicar o crescimento assimétrico do osso, levando a deformidades importantes com o tempo.

Em cães, esse tipo de fratura pode ocorrer secundariamente a traumas penetrantes, como mordidas, avulsões parciais ou esmagamento localizado que afetam apenas uma porção da placa de crescimento.


O aspecto peculiar da fratura de Salter-Harris tipo VI é que ela não acomete toda a extensão da fise, mas apenas uma parte, geralmente unilateral, o que acarreta uma ponte óssea de crescimento precoce nesse local específico. À medida que o restante da placa continua a crescer normalmente, o lado afetado não cresce na mesma proporção, resultando em deformidades angulares progressivas ao longo do tempo.


A detecção precoce desse tipo de lesão é essencial para evitar complicações ortopédicas severas. No entanto, como essas fraturas podem inicialmente passar despercebidas em exames radiográficos convencionais, principalmente se não houver deslocamento significativo ou fragmentação óssea, o diagnóstico muitas vezes só é realizado semanas ou meses após o trauma, quando começam a surgir alterações angulares visíveis nos membros. A tomografia computadorizada pode ser útil para avaliação tridimensional da ponte óssea, especialmente em casos mais avançados.


O tratamento depende da extensão e da localização da ponte de crescimento. Em casos leves, pode-se adotar apenas acompanhamento e fisioterapia para minimizar o encurtamento e a rotação do membro afetado.


Contudo, quando a ponte óssea compromete significativamente o crescimento ósseo, está indicado um procedimento cirúrgico conhecido como ressecção da ponte epifisária (epifisiodese parcial), associado ou não ao uso de interposição com materiais biocompatíveis, como gordura autóloga, para tentar evitar a recidiva.


Em casos em que já há deformidade instalada, podem ser necessários procedimentos corretivos, como osteotomias angulares com fixação interna ou externa, especialmente em raças de crescimento rápido ou grande porte.


A fratura de Salter-Harris tipo VI representa um desafio diagnóstico e terapêutico na ortopedia veterinária, exigindo acompanhamento a longo prazo do crescimento esquelético e planejamento cirúrgico criterioso. A abordagem precoce é fundamental para preservar a função e a conformação anatômica do membro afetado.

Referências bibliográficas:

  1. Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Saunders.

  2. Fossum, T. W. (2019). Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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