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Fratura de rádio e ulna em Spitz Alemão: Como tratar?

As fraturas de rádio e ulna em cães de raças toy e miniatura, como o Spitz Alemão, representam um desafio frequente na ortopedia veterinária. Isso ocorre porque esses animais possuem ossos mais finos e frágeis, predispostos a lesões mesmo após traumas de baixa energia, como quedas do colo ou do sofá.


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Além disso, a vascularização do rádio distal é relativamente limitada, o que aumenta o risco de atraso de consolidação ou até de não união óssea caso o tratamento não seja adequado.


O tratamento conservador, com imobilização externa por meio de gesso ou talas, geralmente não é recomendado nesses casos, principalmente em cães de pequeno porte. Isso porque a instabilidade do foco de fratura e o risco de complicações, como mau alinhamento, necrose de pele e não consolidação, são elevados.


Ainda que possa ser tentado em fraturas simples e estáveis, com mínimo desvio, o prognóstico costuma ser inferior ao obtido com a cirurgia. Em cães toy, o gesso frequentemente não proporciona imobilização suficiente, levando a movimentos micrométricos que atrasam a cicatrização.


O tratamento cirúrgico, por sua vez, é considerado o padrão ouro. A escolha da técnica depende do traço da fratura, do tamanho do paciente e da disponibilidade de implantes.


As opções mais comuns incluem o uso de placas e parafusos de baixo perfil, muitas vezes confeccionados especificamente para ossos pequenos, que garantem estabilidade absoluta ao foco de fratura.


Em alguns casos, o uso de pinos intramedulares pode ser associado a cerclagens, mas essa abordagem é menos estável e apresenta maior risco de falha mecânica no Spitz Alemão devido ao pequeno diâmetro medular.


A fixação externa também pode ser considerada, sobretudo em fraturas expostas ou em situações nas quais não é possível utilizar implantes internos, embora sua manutenção exija maior cuidado do tutor.


O manejo pós-operatório é igualmente relevante para o sucesso do tratamento. O animal deve ter atividade restrita por algumas semanas, evitando saltos e corridas, e pode ser necessário o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor.


O acompanhamento radiográfico periódico é indispensável para avaliar a consolidação óssea, que costuma levar de seis a doze semanas em cães de pequeno porte.


A fisioterapia pode ser introduzida gradualmente após estabilização da fratura para preservar a mobilidade articular e evitar atrofia muscular.


Em resumo, a fratura de rádio e ulna no Spitz Alemão deve ser encarada como uma lesão de alta complexidade, mesmo quando causada por traumas aparentemente simples.


O tratamento cirúrgico com placas de baixo perfil oferece os melhores resultados funcionais e reduz significativamente o risco de complicações.


Já as técnicas conservadoras ficam restritas a casos muito específicos, com indicação bastante limitada.


A escolha adequada da técnica cirúrgica, o cuidado com os implantes delicados e a condução correta do pós-operatório são determinantes para que o paciente retorne com segurança à sua qualidade de vida.


Referências bibliográficas


Johnston, S. A., & Tobias, K. M. (2018). Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd ed. Elsevier.

Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Saunders.

Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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