Flegmão em cães: entenda essa infecção grave e como tratar
- Felipe Garofallo

- 21 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
O flegmão em cães é uma condição inflamatória aguda e grave que acomete os tecidos subcutâneos, caracterizando-se pela disseminação rápida de infecção e formação de exsudato purulento difuso entre as camadas dos tecidos.

Diferente de um abscesso, que é delimitado por uma cápsula de contenção, o flegmão se espalha pelos planos teciduais com pouca ou nenhuma barreira anatômica, tornando o quadro clínico mais agressivo e potencialmente fatal se não tratado a tempo.
Geralmente, o flegmão é causado por infecção bacteriana, comumente associada a germes piogênicos como Staphylococcus spp., Streptococcus spp. e Escherichia coli.
A entrada desses agentes pode ocorrer por meio de feridas, mordidas, cirurgias, corpos estranhos ou mesmo injeções intramusculares mal aplicadas.
Uma vez que os microrganismos invadem os tecidos, desencadeiam uma resposta inflamatória intensa, caracterizada por dor severa, edema extenso, calor local, vermelhidão e, frequentemente, exsudação purulenta pelos tecidos comprometidos. Em alguns casos, há necrose tecidual e fístulas espontâneas com drenagem de secreção espessa e fétida.
O diagnóstico do flegmão é essencialmente clínico, com base no histórico do animal, na evolução da lesão e na inspeção do local acometido.
A área normalmente apresenta-se infiltrada, endurecida e extremamente dolorosa à palpação. É comum haver febre, apatia, perda de apetite e sinais sistêmicos compatíveis com sepse nos casos mais avançados.
Exames complementares como hemograma podem revelar leucocitose com desvio à esquerda e aumento das proteínas de fase aguda. A ultrassonografia pode auxiliar na avaliação da extensão da lesão e exclusão de abscessos encapsulados.
O tratamento do flegmão em cães deve ser instaurado de forma rápida e agressiva. Envolve a administração de antibióticos de amplo espectro por via sistêmica, muitas vezes intravenosa, e com base em cultura e antibiograma sempre que possível. Meropenem, ceftriaxona, enrofloxacino e clindamicina são algumas opções utilizadas de acordo com a gravidade do caso e a suspeita de germes envolvidos.
Além da antibioticoterapia, é fundamental o manejo local da infecção, com drenagem cirúrgica ampla, desbridamento de tecidos necróticos e lavagem rigorosa com soluções antissépticas. O uso de drenos é comum para manter a área limpa e favorecer a cicatrização.
Em casos mais graves, pode haver necessidade de hospitalização, fluidoterapia, controle de dor com analgésicos potentes e monitoramento intensivo do estado geral do animal.
O prognóstico do flegmão em cães depende da precocidade e eficácia do tratamento. Quando abordado rapidamente, muitos cães se recuperam completamente, embora a cicatrização possa ser demorada e exigir cuidados prolongados.
No entanto, quadros negligenciados ou tratados tardiamente têm risco elevado de complicações graves, como septicemia, necrose extensa e até óbito.
A prevenção passa por medidas básicas de assepsia em procedimentos invasivos, controle rigoroso de infecções pós-operatórias e atenção redobrada com feridas ou inchaços que evoluem de maneira incomum.
Referências bibliográficas:
Fossum, T. W. (2013). Small Animal Surgery (4th ed.). Elsevier Health Sciences.
Ettinger, S. J., & Feldman, E. C. (2017). Textbook of Veterinary Internal Medicine (8th ed.). Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.