Falha de implante em cães: O que é?
- Felipe Garofallo

- 20 de set.
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A falha de implante em cirurgia ortopédica veterinária é uma complicação que ocorre quando o material utilizado para estabilizar uma fratura ou corrigir uma deformidade perde sua função antes da completa consolidação óssea.

Em outras palavras, trata-se da situação em que placas, parafusos, pinos ou fixadores externos deixam de oferecer a estabilidade necessária para o processo de cicatrização, comprometendo o resultado da cirurgia e, muitas vezes, exigindo uma reintervenção.
A falha pode ter várias causas. Entre as mecânicas, destacam-se a quebra do implante por fadiga, o afrouxamento ou migração de parafusos, a deformação de placas ou a perda de ancoragem de pinos.
Isso geralmente acontece quando há sobrecarga sobre o material, seja pelo excesso de atividade precoce do paciente, pelo porte e peso do animal, pela gravidade da fratura ou pelo uso de implantes subdimensionados em relação à força que devem suportar. Também pode ocorrer quando a distribuição dos parafusos na placa é inadequada, gerando pontos de maior tensão.
Existem ainda as falhas biológicas, em que o osso não apresenta capacidade suficiente de consolidar, mesmo com a estabilização mecânica.
Fatores como infecções pós-operatórias, vascularização deficiente, presença de pseudoartrose, doenças metabólicas, uso prolongado de corticoides e desnutrição podem contribuir para que o implante seja sobrecarregado, uma vez que o osso não auxilia na sustentação das forças.
Os sinais clínicos de falha de implante incluem dor persistente, claudicação após um período inicial de melhora, inchaço no local da cirurgia, crepitação ou até deformidade visível. Em alguns casos, pode ocorrer drenagem de secreção quando há infecção associada.
Radiografias são fundamentais para confirmar o diagnóstico, permitindo observar quebra de parafusos, placas deformadas, soltura do material ou ausência de progressão da consolidação óssea.
O tratamento depende do tipo de falha e da condição do paciente. Muitas vezes é necessária uma nova cirurgia, com a substituição ou complementação do implante, além da utilização de técnicas que favoreçam a cicatrização, como enxertos ósseos autólogos ou substitutos sintéticos. Em casos de infecção, o controle antibiótico e a limpeza cirúrgica são indispensáveis.
O manejo pós-operatório também deve ser revisto, com restrição de atividade, controle rigoroso do peso e, quando indicado, fisioterapia para auxiliar na recuperação.
Em resumo, a falha de implante em ortopedia veterinária não significa apenas que o material “quebrou”, mas sim que a interação entre implante, osso e técnica cirúrgica não foi suficiente para sustentar a fratura até a completa consolidação.
É uma complicação multifatorial, que pode estar relacionada tanto ao paciente quanto ao implante e à técnica empregada. O reconhecimento precoce e a correção adequada são fundamentais para restabelecer a função do membro e garantir a qualidade de vida do animal.
Referências bibliográficas
Johnson, A. L., Houlton, J. E. F., & Vannini, R. (2021). AO Principles of Fracture Management in the Dog and Cat. 2nd ed. Thieme.
Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Saunders.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.