Extrato de Bilberry (Mirtilo) em cães
- Felipe Garofallo

- 17 de ago.
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Atualizado: 12 de set.
O extrato de bilberry (Vaccinium myrtillus), conhecido no Brasil como mirtilo, é rico em compostos bioativos, especialmente antocianinas, flavonoides e outros polifenóis, que conferem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e vasoprotetoras.

Em cães, seu uso vem sendo estudado e aplicado principalmente no suporte à saúde ocular, cardiovascular, neurológica e no combate ao estresse oxidativo sistêmico.
No sistema ocular, o extrato de bilberry tem destaque por seu potencial de proteger e melhorar a microcirculação retiniana.
As antocianinas auxiliam na estabilização e regeneração da rodopsina — pigmento visual presente nos bastonetes da retina —, o que pode contribuir para melhor adaptação à visão noturna e proteção contra degenerações retinianas relacionadas à idade ou a doenças como catarata e degeneração macular (embora esta última seja mais estudada em humanos).
Em cães, pode ser utilizado como parte de protocolos de suporte para pacientes com predisposição genética a problemas oculares, como algumas raças braquicefálicas e cães idosos.
No sistema cardiovascular, os polifenóis presentes no mirtilo podem favorecer a integridade endotelial e reduzir processos inflamatórios vasculares, melhorando o fluxo sanguíneo e auxiliando na manutenção da saúde capilar e arterial. Essa ação vasoprotetora também pode ter reflexos positivos na perfusão de órgãos vitais e na recuperação tecidual em condições inflamatórias crônicas.
No aspecto neurológico, estudos em modelos animais mostram que os antioxidantes do bilberry ajudam a reduzir o acúmulo de radicais livres no sistema nervoso central, o que pode contribuir para a preservação cognitiva e a prevenção de declínio neurológico em cães idosos. Associado a isso, o extrato pode ter efeito modulador sobre a inflamação cerebral de baixo grau, comum no envelhecimento e em algumas doenças neurodegenerativas.
A administração oral do extrato de bilberry em cães é geralmente bem tolerada, com baixo risco de efeitos adversos quando utilizada nas doses recomendadas. No entanto, a suplementação deve ser ajustada conforme o peso e o estado clínico do animal, e sempre supervisionada por um médico-veterinário. É importante utilizar extratos padronizados de qualidade, pois a concentração de antocianinas e outros polifenóis varia bastante entre produtos.
Apesar dos benefícios potenciais, o extrato de bilberry deve ser considerado como um coadjuvante terapêutico, e não como tratamento único para doenças estabelecidas. O uso racional, integrado a protocolos nutricionais e terapêuticos adequados, pode ampliar os efeitos benéficos, especialmente em cães idosos, atletas ou com predisposição a problemas oculares e circulatórios.
Referências bibliográficas
Matsunaga N, et al. Bilberry extract promotes recovery of photoreceptor cell damage and visual function in a murine model of light-induced retinal degeneration. J Nutr Biochem. 2009;20(8):619-626.
Çetin E, et al. Protective effects of blueberry and bilberry against oxidative stress in animal models. Oxid Med Cell Longev. 2021;2021:8869506.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.