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Escoliose em cães: Existe?

A escoliose em cães existe, embora seja considerada uma condição relativamente rara.


O termo descreve uma curvatura lateral anormal da coluna vertebral, que pode ser observada principalmente quando o animal é visto de trás, apresentando o dorso desviado para um dos lados em vez de permanecer alinhado no plano sagital.


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Diferente das curvaturas fisiológicas normais, como a lordose e a cifose, a escoliose é sempre patológica e indica uma alteração estrutural ou funcional importante.


As causas da escoliose em cães podem ser congênitas ou adquiridas. Entre as congênitas, destacam-se malformações vertebrais, como hemivértebras, vértebras em cunha ou blocos vertebrais, mais comuns em raças braquicefálicas como Bulldog Francês, Pug e Boston Terrier.


Essas alterações resultam em crescimento assimétrico das vértebras, levando ao desvio da coluna. Já as causas adquiridas podem estar associadas a traumas, fraturas vertebrais mal consolidadas, doenças neuromusculares que afetam a simetria da musculatura paravertebral, ou mesmo condições dolorosas crônicas em um dos membros, que fazem o animal adotar posturas compensatórias que, ao longo do tempo, induzem a curvatura.


Os sinais clínicos variam bastante. Em alguns casos, a escoliose é discreta e percebida apenas visualmente, sem causar dor evidente.


Em outros, principalmente quando há compressão da medula espinhal ou raízes nervosas, o animal pode apresentar claudicação, dor crônica, rigidez de movimentos, atrofia muscular assimétrica e até déficits neurológicos mais graves, como paresia ou incoordenação motora.


O diagnóstico é feito por exame físico e confirmado por exames de imagem. As radiografias permitem avaliar o grau de desvio e a presença de malformações vertebrais. Em casos mais graves ou quando há suspeita de compressão medular, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são indicadas para detalhar estruturas ósseas e tecidos moles.


O tratamento depende da causa e da gravidade da escoliose. Em situações leves, sem dor ou déficit neurológico, pode-se optar apenas pelo acompanhamento clínico e medidas de suporte, como fisioterapia e fortalecimento muscular, que ajudam a reduzir sobrecargas e preservar a mobilidade.


Nos casos em que há dor intensa, progressão da curvatura ou comprometimento neurológico, a cirurgia pode ser indicada para estabilizar a coluna, corrigir parcialmente o desvio e descomprimir estruturas nervosas. No entanto, esses procedimentos são complexos e de alto risco, devendo ser avaliados com cautela.


Em resumo, a escoliose em cães existe e deve ser vista como um sinal clínico importante. Seu impacto na saúde do animal depende do grau de desvio e da causa subjacente.


Quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do manejo, maiores são as chances de controlar a dor, prevenir complicações e manter uma boa qualidade de vida para o paciente.

Referências bibliográficas

Bruecker, K. A. (2017). Congenital spinal malformations. In: Tobias, K. M., Johnston, S. A. (eds). Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd ed. Elsevier.


Fossum, T. W. (2019). Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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