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Erlichia canis: O que é?

A Ehrlichia canis é uma bactéria intracelular obrigatória, pertencente à família Anaplasmataceae, que causa a erlichiose monocítica canina, também conhecida popularmente como “doença do carrapato”.


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A transmissão ocorre principalmente através da picada do carrapato marrom (Rhipicephalus sanguineus), vetor amplamente distribuído em áreas urbanas e rurais.


Trata-se de uma enfermidade com grande impacto clínico, caracterizada por evolução em fases distintas e ampla variedade de sinais clínicos, que muitas vezes dificultam o diagnóstico precoce.


Após a infecção, a bactéria invade e se multiplica nos monócitos e macrófagos, células do sistema de defesa do organismo.


A doença apresenta três fases: a fase aguda, que ocorre entre 8 a 20 dias após a infecção, caracteriza-se por febre, apatia, linfadenomegalia, esplenomegalia, anorexia e petéquias decorrentes de trombocitopenia; a fase subclínica, em que o animal pode permanecer sem sinais por meses a anos, mas com alterações hematológicas persistentes, como trombocitopenia discreta; e a fase crônica, que representa a forma mais grave, marcada por pancitopenia, anemia, sangramentos espontâneos, caquexia, infecções secundárias e elevada taxa de mortalidade se não houver tratamento adequado.


O diagnóstico envolve a associação entre histórico, sinais clínicos e exames laboratoriais. O hemograma geralmente revela trombocitopenia, anemia e leucopenia.


Testes sorológicos, como ELISA (Snap 4DX®), são bastante utilizados para detecção de anticorpos, embora não diferenciem infecção ativa de exposição prévia. O PCR, quando disponível, é considerado o método mais sensível e específico, capaz de detectar diretamente o DNA da Ehrlichia canis.


A visualização de mórulas intracitoplasmáticas em esfregaços sanguíneos pode auxiliar, mas não é sempre possível.


O tratamento de escolha é a doxiciclina (10 mg/kg, uma vez ao dia, por pelo menos 28 dias), considerada eficaz em boa parte dos casos. Em situações graves, especialmente na fase crônica com anemia ou pancitopenia acentuada, pode ser necessário suporte adicional, incluindo transfusões sanguíneas, fluidoterapia e terapia imunossupressora em casos de resposta imunomediada associada.


O prognóstico varia de bom a reservado, dependendo do estágio da doença em que o tratamento é iniciado.


A prevenção é fundamental e se baseia no controle rigoroso do carrapato, com uso contínuo de ectoparasiticidas tópicos ou sistêmicos, ambientes limpos e dedetização de locais infestados. A ausência de vacinas eficazes torna o manejo ambiental e a proteção individual dos cães as principais ferramentas de controle.


Portanto, a Ehrlichia canis representa um importante desafio clínico na medicina veterinária de pequenos animais, sendo responsável por quadros de morbidade significativa e, em muitos casos, de mortalidade.


O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são determinantes para evitar a evolução para formas graves e garantir melhor qualidade de vida ao paciente.

Referências bibliográficas

Harrus, S., & Waner, T. (2011). Diagnosis of canine monocytic ehrlichiosis revisited. Veterinary Parasitology, 179(1–3), 45–52.

Neer, T. M., Breitschwerdt, E. B., Greene, R. T., & Lappin, M. R. (2002). Consensus statement on ehrlichial disease of small animals from the Infectious Disease Study Group of the ACVIM. Journal of Veterinary Internal Medicine, 16(3), 309–315.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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