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Foto do escritorFelipe Garofallo

Epilepsia em cães

A epilepsia em cães é uma condição neurológica crônica caracterizada por crises convulsivas recorrentes devido à atividade elétrica anormal no cérebro.



As convulsões podem variar de episódios leves e quase imperceptíveis a crises graves e debilitantes. A epilepsia pode ser classificada em dois tipos principais: idiopática (ou primária), quando não há causa subjacente identificável, e secundária (ou sintomática), quando as convulsões resultam de uma condição médica subjacente.


A epilepsia idiopática é frequentemente hereditária e geralmente se manifesta entre seis meses e cinco anos de idade. Algumas raças de cães, como o Pastor Alemão, Labrador Retriever, Golden Retriever, Beagle e Collie, apresentam maior predisposição genética para desenvolver essa condição.


Por outro lado, a epilepsia secundária pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo traumatismos cranianos, infecções como encefalite ou meningite, tumores cerebrais, anomalias congênitas, doenças metabólicas como hipoglicemia e intoxicações.


Os sintomas das crises epilépticas podem variar dependendo da área do cérebro afetada e da gravidade da convulsão.


As convulsões generalizadas, também conhecidas como crises tônico-clônicas, são as mais dramáticas e envolvem perda de consciência, rigidez muscular seguida de movimentos espasmódicos, salivação excessiva, urinação e defecação involuntárias.


Essas crises geralmente duram de alguns segundos a vários minutos e são seguidas por um período de recuperação chamado fase pós-ictal, onde o cão pode estar desorientado, confuso, cambaleante e apresentar comportamento anormal.


Além das crises generalizadas, existem também as convulsões focais, que afetam apenas uma parte específica do cérebro. Os sintomas podem incluir tremores ou contrações musculares localizadas, movimentos repetitivos, como mastigação, ou comportamentos incomuns, como perseguir a própria cauda ou morder o ar. As convulsões focais podem se generalizar, levando a uma crise tônico-clônica.


Diagnosticar a epilepsia em cães envolve uma avaliação completa realizada por um veterinário. Isso inclui uma revisão detalhada da história médica do cão, um exame físico completo e uma série de testes diagnósticos para descartar outras possíveis causas das convulsões. Testes de sangue são frequentemente realizados para verificar a função hepática e renal, níveis de glicose e presença de toxinas.


Exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM), são essenciais para identificar anomalias estruturais no cérebro. Em alguns casos, um eletroencefalograma (EEG) pode ser utilizado para registrar a atividade elétrica cerebral e confirmar o diagnóstico de epilepsia.


O tratamento da epilepsia em cães geralmente envolve o uso de medicamentos anticonvulsivantes para controlar e reduzir a frequência e a intensidade das crises. Os medicamentos mais comuns incluem fenobarbital, brometo de potássio, levetiracetam e zonisamida.


O objetivo do tratamento é alcançar o melhor controle possível das convulsões com a menor dose eficaz, minimizando os efeitos colaterais. Ajustes na medicação podem ser necessários ao longo do tempo, dependendo da resposta do cão ao tratamento e da frequência das crises.


Além do tratamento medicamentoso, é importante que os donos de cães epilépticos adotem algumas medidas para garantir a segurança e o bem-estar do animal.


Durante uma crise, é crucial manter a calma e afastar o cão de objetos que possam causar ferimentos. Não se deve tentar abrir a boca do cão ou colocar a mão entre seus dentes, pois isso pode resultar em mordidas acidentais. Após a crise, é útil registrar a duração, frequência e características das convulsões para fornecer informações detalhadas ao veterinário.


O manejo a longo prazo da epilepsia em cães também pode incluir mudanças na dieta e o uso de suplementos específicos para apoiar a saúde neurológica.


Dietas ricas em ácidos graxos ômega-3, por exemplo, têm mostrado benefícios em alguns cães epilépticos. Além disso, é importante garantir que o cão tenha um estilo de vida saudável e equilibrado, com exercícios regulares, uma dieta nutritiva e um ambiente livre de estresse.


A epilepsia é uma condição crônica que pode ser desafiadora tanto para o cão quanto para o dono. No entanto, com diagnóstico precoce, tratamento adequado e manejo cuidadoso, muitos cães epilépticos podem levar vidas longas, saudáveis e felizes.


A chave para o sucesso no manejo da epilepsia reside na colaboração estreita entre o dono do cão e o veterinário, garantindo que todas as necessidades do animal sejam atendidas e que o tratamento seja ajustado conforme necessário.


Manter uma comunicação aberta e contínua com o veterinário é fundamental para monitorar a eficácia do tratamento e fazer os ajustes necessários ao longo do tempo.


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.

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