EPA + DHA em cães
- Felipe Garofallo

- 17 de ago.
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Atualizado: 12 de set.
O EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosa-hexaenoico) são ácidos graxos poli-insaturados da família ômega-3, encontrados em alta concentração em peixes de águas frias, como salmão, sardinha, anchova e cavala, bem como em óleos marinhos purificados.

Em cães, esses nutrientes são considerados essenciais, já que o organismo apresenta capacidade limitada de converter o ácido alfa-linolênico (ALA), presente em fontes vegetais, em EPA e DHA biologicamente ativos.
Esses ácidos graxos exercem efeitos anti-inflamatórios potentes, modulando a produção de eicosanoides, citocinas e outras moléculas envolvidas na resposta inflamatória. O EPA atua principalmente na redução da síntese de prostaglandinas e leucotrienos pró-inflamatórios, competindo com o ácido araquidônico pelas mesmas enzimas, enquanto o DHA participa da formação de resolvinas e protectinas, que auxiliam na resolução do processo inflamatório e na proteção tecidual.
Na prática clínica veterinária, a suplementação com EPA e DHA é amplamente utilizada no manejo de doenças articulares crônicas, como osteoartrite e displasia coxofemoral, ajudando a reduzir dor e claudicação, melhorar a mobilidade e diminuir a necessidade de anti-inflamatórios não esteroidais. Além disso, apresenta benefícios comprovados em doenças dermatológicas inflamatórias, como dermatite atópica, por reduzir o prurido e melhorar a qualidade da pele e pelagem.
O EPA e o DHA também têm papel importante na saúde cardiovascular, ajudando a reduzir arritmias, melhorar a função endotelial e modular a pressão arterial. Em cães com doença renal crônica, sua suplementação pode retardar a progressão da insuficiência renal, possivelmente pela modulação da inflamação e da pressão intraglomerular.
Outro campo relevante é o suporte neurológico: o DHA, em especial, é componente estrutural das membranas neuronais e da retina, sendo essencial para o desenvolvimento cerebral de filhotes e para a preservação cognitiva em cães idosos.
A dose ideal de EPA e DHA varia conforme a condição clínica, peso e dieta do animal, mas recomenda-se basear o cálculo na quantidade combinada de EPA + DHA (mg/kg/dia) presente no suplemento. É fundamental escolher produtos de alta qualidade, livres de contaminantes como metais pesados, e com certificação de pureza e estabilidade, já que os ácidos graxos poli-insaturados são suscetíveis à oxidação.
De modo geral, a suplementação é segura e bem tolerada, mas doses excessivas podem causar distúrbios gastrointestinais, alteração na coagulação e, em casos raros, ganho de peso indesejado devido ao aporte calórico. Por isso, o acompanhamento veterinário é essencial para ajustar a dose e garantir o equilíbrio nutricional, especialmente quando associada a outras terapias anti-inflamatórias.
Referências bibliográficas
Freeman LM, Rush JE. Omega-3 fatty acids and cardiac disease in dogs. J Am Vet Med Assoc. 2007;231(11):1657-1661.
Mehler SJ, May LR, King C, Harris WS. Evaluation of an omega-3 fatty acid supplement in dogs with osteoarthritis. J Am Vet Med Assoc. 2010;236(1):59-66.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.