Dor no ombro do cachorro: causas e quando investigar
- Felipe Garofallo

- 5 de nov.
- 2 min de leitura
A dor no ombro é uma queixa ortopédica relativamente comum em cães e pode ter diversas causas, variando desde sobrecarga muscular até lesões articulares ou tendíneas mais sérias.

O ombro é uma articulação complexa e de grande amplitude de movimento, composta principalmente pela articulação escapuloumeral, rodeada por tendões, músculos e bursas que garantem estabilidade e flexibilidade.
As causas mais frequentes de dor no ombro incluem tendinites, especialmente do bíceps braquial e do supraespinhoso, contraturas musculares por esforço repetitivo, luxações parciais, artroses e lesões da cartilagem articular.
Em cães atletas ou muito ativos, como border collies e labradores, microtraumas acumulados podem causar inflamação crônica dos tendões e bursas, resultando em dor e claudicação intermitente. Já em cães mais velhos, a degeneração articular e a osteoartrite são causas recorrentes, levando a rigidez e limitação de movimento.
Outro ponto importante é a instabilidade do ombro, que pode ser congênita ou adquirida após trauma. Nesses casos, há frouxidão ligamentar que permite pequenos deslocamentos da cabeça do úmero, gerando dor e desgaste progressivo da articulação.
Também é possível que a dor tenha origem em estruturas vizinhas, como a coluna cervical ou o plexo braquial, simulando um problema no ombro — o que reforça a importância da avaliação completa.
Os sinais clínicos incluem claudicação leve a moderada, relutância em subir degraus, dificuldade para apoiar o membro anterior e dor à extensão ou rotação do ombro. À palpação, o veterinário pode identificar espasmo muscular, dor localizada ou crepitação.
A investigação deve ser feita sempre que a claudicação persistir por mais de alguns dias, reaparecer após o repouso ou vier acompanhada de dor evidente.
O diagnóstico inclui exame ortopédico detalhado, radiografias e, em muitos casos, ultrassonografia musculoesquelética ou ressonância magnética, que permitem visualizar inflamações e rupturas parciais de tendões.
O tratamento depende da causa, podendo incluir anti-inflamatórios, fisioterapia, infiltrações locais ou cirurgia em casos mais graves.
O repouso controlado, associado a exercícios de reabilitação, é fundamental para restaurar a função e evitar recidivas.
Referências bibliográficas:
1. Fossum, T. W. (2019). *Small Animal Surgery* (5th ed.). Elsevier.
2. Millis, D. L., & Levine, D. (2014). *Canine Rehabilitation and Physical Therapy* (2nd ed.). Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.