Dor nas costas em cães: quando pode ser hérnia de disco
- Felipe Garofallo

- 16 de set.
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A dor nas costas em cães é um sinal clínico relativamente comum e pode ter diversas origens, mas uma das causas mais importantes a considerar é a hérnia de disco intervertebral.
Reconhecer quando a dor lombar ou toracolombar está associada a esse problema é fundamental para evitar atrasos no diagnóstico e no tratamento.

A hérnia de disco ocorre quando o material do disco intervertebral (núcleo pulposo ou ânulo fibroso) protrui ou extravasa em direção ao canal medular, comprimindo a medula espinhal ou as raízes nervosas. Essa compressão gera dor, inflamação e, dependendo da gravidade, déficits neurológicos progressivos.
O primeiro sinal pode ser apenas dor axial: o cão evita movimentos bruscos, não quer subir escadas ou pular, fica relutante em ser manipulado e pode adotar postura encurvada (“arqueamento do dorso”).
Em raças condrodistróficas como Dachshunds, Shih Tzus, Lhasa Apsos, Beagles e Cocker Spaniels, a probabilidade de hérnia é particularmente alta, e qualquer dor nas costas deve levantar essa suspeita.
Alguns sinais ajudam a diferenciar dor por hérnia de disco de outras causas ortopédicas ou musculares:
Dor localizada à palpação da coluna (principalmente toracolombar ou cervical).
Rigidez de movimentos, marcha cautelosa e “travada”.
Espasmo muscular paravertebral, resultado da dor e da inflamação.
Déficits neurológicos associados, como ataxia, paresia dos membros posteriores, perda de propriocepção ou até paralisia, quando a compressão é mais severa.
Em casos graves, pode haver incontinência urinária ou fecal, sinalizando compressão importante da medula.
É importante lembrar que nem toda dor nas costas significa hérnia: contraturas musculares, espondilose, instabilidade lombossacra e até tumores também podem causar sintomas semelhantes. Porém, a presença de déficits neurológicos ou a dor intensa e recorrente aumenta bastante a suspeita para DDIV.
O diagnóstico definitivo exige exames de imagem. A radiografia simples pode sugerir diminuição do espaço intervertebral, mas não é conclusiva.
O padrão-ouro é a ressonância magnética, que permite visualizar diretamente o disco herniado e o grau de compressão medular. Em locais onde não há ressonância, a mielografia associada à tomografia também pode ser utilizada.
Em resumo, a dor nas costas em cães deve ser suspeitada como hérnia de disco principalmente quando: ocorre em raças predispostas, é recorrente ou intensa, está associada a marcha rígida ou encurvada, e principalmente quando há sinais neurológicos acompanhando a dor.
Nesses casos, a investigação rápida e a intervenção precoce são determinantes para o prognóstico.
Referências bibliográficas
Brisson BA. Intervertebral disc disease in dogs. Vet Clin North Am Small Anim Pract. 2010;40(5):829-858.
Jeffery ND, Levine JM, Olby NJ, Stein VM. Intervertebral disk degeneration in dogs: consequences, diagnosis, treatment, and future directions. J Vet Intern Med. 2013;27(6):1318-1333.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.