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Dor crônica em cães: como identificar e tratar

A dor crônica em cães é um problema frequentemente subdiagnosticado, pois os sinais clínicos tendem a ser sutis e progressivos.


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Ao contrário da dor aguda, que aparece de forma repentina após um trauma ou cirurgia, a dor crônica persiste por semanas ou meses e está frequentemente associada a doenças ortopédicas, neurológicas ou até sistêmicas.


Condições como a osteoartrite, a displasia coxofemoral, a ruptura do ligamento cruzado cranial e hérnias de disco são causas comuns. Além disso, processos neoplásicos ou doenças degenerativas também podem estar envolvidos.


Identificar a dor crônica exige um olhar atento do tutor e uma avaliação criteriosa do médico-veterinário. Os cães raramente demonstram dor de forma explícita, mas mudanças no comportamento podem ser fortes indícios.


Entre os sinais mais frequentes estão a relutância em se exercitar, dificuldade para subir escadas ou entrar no carro, diminuição do interesse por brincadeiras, alteração no padrão de marcha, lambedura excessiva de uma região do corpo e até agressividade quando tocados.


Outro ponto importante é que muitos animais com dor crônica apresentam alterações de sono, apatia ou ansiedade, reflexo do impacto do desconforto prolongado na qualidade de vida.


O diagnóstico é baseado na combinação do exame clínico, histórico fornecido pelo tutor e exames complementares. Radiografias são fundamentais na avaliação ortopédica, ajudando a identificar alterações articulares ou ósseas.


Em casos neurológicos, a ressonância magnética pode ser necessária. Ferramentas como escalas de dor adaptadas para cães auxiliam na padronização da avaliação, permitindo mensurar a intensidade da dor e acompanhar a resposta ao tratamento.

O manejo da dor crônica é multimodal.


Anti-inflamatórios não esteroidais continuam sendo a base do tratamento em muitos casos, mas sua utilização deve ser monitorada devido a possíveis efeitos colaterais. Analgésicos adjuvantes, como gabapentina, amantadina e tramadol, podem ser associados para potencializar o efeito analgésico.


Em situações específicas, o uso de terapias biológicas, como anticorpos monoclonais anti-NGF (ex.: bedinvetmab), representa um avanço significativo no controle da dor osteoartrítica.


Além do tratamento farmacológico, medidas não medicamentosas são fundamentais. A fisioterapia veterinária, incluindo hidroterapia, laserterapia e exercícios de fortalecimento, contribui para a melhora da mobilidade e redução do desconforto.


O controle do peso corporal é igualmente essencial, já que a obesidade sobrecarrega as articulações e agrava os quadros de dor. Em alguns casos, cirurgias corretivas podem ser indicadas, especialmente quando a causa da dor está relacionada a instabilidade articular ou deformidades ósseas.


O tratamento deve ser individualizado e ajustado ao longo do tempo, sempre buscando não apenas reduzir a dor, mas também devolver ao cão a capacidade de realizar suas atividades cotidianas com qualidade de vida.


Reconhecer a dor crônica como uma condição médica que exige acompanhamento contínuo é o primeiro passo para oferecer um manejo eficaz e compassivo aos pacientes.


Referências bibliográficas


Epstein ME, Rodan I, Griffenhagen G, Kadrlik J, Petty MC, Robertson SA, Simpson W. 2015 AAHA/AAFP Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of the American Animal Hospital Association. 2015;51(2):67–84.


Mathews KA, Kronen PW, Lascelles D, Nolan A, Robertson S, Steagall PV, Wright B, Yamashita K. Guidelines for recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small Animal Practice. 2014;55(6):E10–E68.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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