Domperidona em cães
- Felipe Garofallo

- 20 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de out.
A domperidona é um fármaco pertencente à classe dos antagonistas dos receptores dopaminérgicos D2, comumente utilizado na medicina veterinária por sua ação pró-cinética e antiemética.

Em cães, ela exerce efeitos importantes sobre o trato gastrointestinal, estimulando a motilidade gástrica e intestinal, promovendo o esvaziamento do estômago.
Essa ação pró-cinética a torna uma aliada no tratamento de casos de constipação, gastroparesia e vômitos causados por distúrbios de motilidade.
Além de seu efeito sobre o trato digestivo, a domperidona tem uma particularidade que a diferencia de outros antieméticos como metoclopramida ou maropitant: sua capacidade de estimular a liberação de prolactina e atuar sobre o sistema imune.
Por conta disso, a domperidona tem sido estudada e utilizada em alguns países como adjuvante no tratamento da leishmaniose canina, devido ao seu potencial imunomodulador (embora esse uso não seja amplamente regulamentado no Brasil e deva ser avaliado caso a caso por um médico veterinário).
No sistema nervoso central, a domperidona tem menor penetração em relação à metoclopramida, o que reduz o risco de efeitos colaterais extrapiramidais. Isso se deve ao fato de ela atravessar a barreira hematoencefálica com menor eficiência, tornando-se uma opção mais segura em pacientes que apresentam maior sensibilidade neurológica.
Sua ação antiemética se dá pela inibição da dopamina nos receptores D2 da zona gatilho quimiorreceptora localizada fora da barreira hematoencefálica, responsável por induzir o reflexo do vômito.
A domperidona é geralmente bem tolerada por cães, mas como qualquer medicamento, pode causar efeitos colaterais, principalmente se usada em doses elevadas ou por longos períodos. Os mais relatados incluem cólicas abdominais leves, diarreia ou excitação leve.
Contraindicações incluem pacientes com obstrução mecânica gastrointestinal, hemorragias digestivas ou perfurações, pois o aumento da motilidade pode agravar essas condições. O uso concomitante com medicamentos que prolongam o intervalo QT no eletrocardiograma deve ser feito com cautela, pois há potencial risco de arritmias.
A posologia deve ser definida pelo médico-veterinário com base no quadro clínico do paciente, peso corporal e objetivo terapêutico (antiemético, pró-cinético ou imunomodulador). Em geral, é administrada por via oral, com boa absorção e início de ação relativamente rápido.
Por ser um fármaco multifuncional, com efeitos digestivos, antieméticos e, em alguns casos, imunomoduladores, a domperidona se consolida como uma ferramenta valiosa dentro da farmacologia veterinária, desde que utilizada com bom julgamento clínico e respaldo técnico.
Referências bibliográficas:
Plumb, D.C. (2018). Plumb's Veterinary Drug Handbook, 9th ed. Wiley-Blackwell.
Papich, M.G. (2021). Saunders Handbook of Veterinary Drugs: Small and Large Animal, 5th ed. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.