Dimetil-Sulfóxido (DMSO) em cães
- Felipe Garofallo

- 21 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
O DMSO, ou dimetilsulfóxido, é um composto orgânico derivado da polpa da madeira que apresenta propriedades terapêuticas singulares e tem sido utilizado na medicina veterinária em diversas espécies, incluindo os cães.

Embora seu uso seja mais comum na medicina equina, especialmente como agente anti-inflamatório tópico, o DMSO também tem ganhado espaço em protocolos veterinários de pequenos animais devido às suas múltiplas ações farmacológicas.
Sua principal característica é a capacidade de atravessar rapidamente membranas biológicas, como a pele e as mucosas, transportando consigo outras substâncias. Essa penetração profunda permite que o DMSO atue de forma local ou sistêmica, dependendo da via de administração.
Em cães, ele é mais frequentemente empregado por via tópica, aplicado sobre áreas inflamadas ou doloridas, especialmente em casos de lesões musculoesqueléticas, inflamações articulares, edemas traumáticos.
Além de sua ação anti-inflamatória, o DMSO possui efeitos antioxidantes, analgésicos e vasodilatadores. Esses efeitos contribuem para a redução do edema, do estresse oxidativo e da dor local.
Seu mecanismo de ação envolve a inibição da formação de radicais livres e a modulação da resposta inflamatória, sendo, por isso, considerado útil em lesões de tecidos moles, inflamações articulares e até mesmo em alguns protocolos de suporte em casos de lesão medular aguda.
No entanto, seu uso exige cautela. A aplicação tópica de DMSO pode causar irritação cutânea, odor forte e desagradável (semelhante ao de alho), além de reações adversas sistêmicas em alguns animais sensíveis, como náuseas, vômitos ou alterações hepáticas quando usado em doses elevadas.
Outro ponto crítico é o potencial do DMSO de transportar contaminantes ou outras substâncias tóxicas através da pele para a corrente sanguínea, o que torna essencial o uso em ambiente controlado, com assepsia rigorosa e sob orientação veterinária.
Na prática clínica, o DMSO pode ser utilizado sozinho ou em conjunto com outras substâncias, como anti-inflamatórios ou antibióticos, potencializando seus efeitos. Ainda assim, seu uso em cães não é amplamente regulamentado em muitos países, e há escassez de estudos robustos e específicos sobre sua eficácia e segurança em diferentes condições em pequenos animais.
Por esse motivo, a indicação do DMSO deve ser criteriosa, individualizada e sempre supervisionada por um médico veterinário, respeitando o histórico do paciente, a condição clínica e a possibilidade de reações adversas.
Apesar das controvérsias, o DMSO continua sendo uma ferramenta terapêutica interessante e promissora na medicina veterinária.
Quando utilizado corretamente, pode contribuir significativamente para o alívio da dor e da inflamação em cães, especialmente em casos refratários ou crônicos, onde as opções terapêuticas convencionais oferecem resultados limitados.
Referências bibliográficas:
Jacob, S. W., & Herschler, R. (1986). Pharmacology of dimethyl sulfoxide in cardiac and CNS damage. The Journal of Clinical Pharmacology, 26(5), 343–348.
Tranquilli, W. J., Thurmon, J. C., & Grimm, K. A. (2007). Lumb & Jones’ Veterinary Anesthesia and Analgesia, 4th ed. Blackwell Publishing.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.