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Dimetil-Sulfóxido (DMSO) em cães

Atualizado: 12 de set.

O DMSO, ou dimetilsulfóxido, é um composto orgânico derivado da polpa da madeira que apresenta propriedades terapêuticas singulares e tem sido utilizado na medicina veterinária em diversas espécies, incluindo os cães.


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Embora seu uso seja mais comum na medicina equina, especialmente como agente anti-inflamatório tópico, o DMSO também tem ganhado espaço em protocolos veterinários de pequenos animais devido às suas múltiplas ações farmacológicas.


Sua principal característica é a capacidade de atravessar rapidamente membranas biológicas, como a pele e as mucosas, transportando consigo outras substâncias. Essa penetração profunda permite que o DMSO atue de forma local ou sistêmica, dependendo da via de administração.


Em cães, ele é mais frequentemente empregado por via tópica, aplicado sobre áreas inflamadas ou doloridas, especialmente em casos de lesões musculoesqueléticas, inflamações articulares, edemas traumáticos.


Além de sua ação anti-inflamatória, o DMSO possui efeitos antioxidantes, analgésicos e vasodilatadores. Esses efeitos contribuem para a redução do edema, do estresse oxidativo e da dor local.


Seu mecanismo de ação envolve a inibição da formação de radicais livres e a modulação da resposta inflamatória, sendo, por isso, considerado útil em lesões de tecidos moles, inflamações articulares e até mesmo em alguns protocolos de suporte em casos de lesão medular aguda.


No entanto, seu uso exige cautela. A aplicação tópica de DMSO pode causar irritação cutânea, odor forte e desagradável (semelhante ao de alho), além de reações adversas sistêmicas em alguns animais sensíveis, como náuseas, vômitos ou alterações hepáticas quando usado em doses elevadas.


Outro ponto crítico é o potencial do DMSO de transportar contaminantes ou outras substâncias tóxicas através da pele para a corrente sanguínea, o que torna essencial o uso em ambiente controlado, com assepsia rigorosa e sob orientação veterinária.


Na prática clínica, o DMSO pode ser utilizado sozinho ou em conjunto com outras substâncias, como anti-inflamatórios ou antibióticos, potencializando seus efeitos. Ainda assim, seu uso em cães não é amplamente regulamentado em muitos países, e há escassez de estudos robustos e específicos sobre sua eficácia e segurança em diferentes condições em pequenos animais.


Por esse motivo, a indicação do DMSO deve ser criteriosa, individualizada e sempre supervisionada por um médico veterinário, respeitando o histórico do paciente, a condição clínica e a possibilidade de reações adversas.


Apesar das controvérsias, o DMSO continua sendo uma ferramenta terapêutica interessante e promissora na medicina veterinária.


Quando utilizado corretamente, pode contribuir significativamente para o alívio da dor e da inflamação em cães, especialmente em casos refratários ou crônicos, onde as opções terapêuticas convencionais oferecem resultados limitados.


Referências bibliográficas:

Jacob, S. W., & Herschler, R. (1986). Pharmacology of dimethyl sulfoxide in cardiac and CNS damage. The Journal of Clinical Pharmacology, 26(5), 343–348.

Tranquilli, W. J., Thurmon, J. C., & Grimm, K. A. (2007). Lumb & Jones’ Veterinary Anesthesia and Analgesia, 4th ed. Blackwell Publishing.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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