Cães de raças pequenas também têm displasia coxofemoral?
- Felipe Garofallo
- há 2 dias
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"Entenda como a displasia coxofemoral afeta cães de raças pequenas. Conheça causas, sintomas e opções de tratamento para melhorar a qualidade de vida do seu pet"
A displasia coxofemoral em cães é uma das doenças ortopédicas mais comuns na rotina de clínicas veterinárias, especialmente entre especialistas em ortopedia veterinária. Tradicionalmente associada a cães de raças grandes e gigantes, como o Pastor Alemão, Labrador Retriever e Rottweiler, essa condição também pode acometer cães de raças pequenas e até mesmo cães sem raça definida.

Neste artigo, vamos esclarecer esse mito e explicar por que todo tutor deve estar atento, independentemente do porte do animal.
O que é a displasia coxofemoral em cães?
A displasia coxofemoral é uma malformação da articulação do quadril, onde o encaixe entre a cabeça do fêmur e o acetábulo do quadril é imperfeito. Esse desencaixe pode levar à instabilidade articular, inflamação, dor e, com o tempo, à degeneração articular (osteoartrite).
Embora tenha um componente genético importante, fatores ambientais, como crescimento acelerado, sobrepeso, sedentarismo e tipo de alimentação, também influenciam o desenvolvimento da doença.

Por que a displasia é mais comum em raças grandes?
De fato, a maioria dos diagnósticos de displasia coxofemoral ocorre em cães de raças grandes. Isso acontece por diversos motivos:
Raças grandes crescem muito rápido nos primeiros meses de vida, o que pode comprometer a formação adequada das articulações.
A carga de peso sobre as articulações é maior, aumentando o risco de instabilidade.
Muitas dessas raças foram selecionadas geneticamente sem o devido controle ortopédico.
Entretanto, isso não significa que raças pequenas estejam imunes.
Raças pequenas e displasia coxofemoral: uma realidade ignorada
Cães de raças pequenas, como Poodle, Shi Tzu, Lhasa Apso e até mesmo Bulldog Francês, podem desenvolver displasia coxofemoral. Embora o impacto clínico da doença muitas vezes seja mais brando por conta do peso corporal reduzido, os sinais de dor e dificuldade de locomoção podem estar presentes e, muitas vezes, passam despercebidos ou são atribuídos à idade ou a outras causas.
Além disso, o diagnóstico em cães de pequeno porte costuma ser feito mais tardiamente, o que dificulta a intervenção precoce e o planejamento de um tratamento eficaz.
Cães sem raça definida também podem ter displasia
Outro equívoco comum é acreditar que cães sem raça definida (SRD), especialmente de porte médio ou pequeno, estariam protegidos contra a displasia coxofemoral. Na prática clínica, não é incomum encontrar SRDs com alterações articulares graves, que comprometeram a qualidade de vida por anos sem diagnóstico.
A recomendação é clara: todo cão que apresente sinais de dor ao se levantar, mancar após passeios, resistência para subir escadas ou diminuição do ritmo de caminhada deve ser avaliado por um veterinário especializado em ortopedia.
Sintomas de displasia coxofemoral em cães
Os principais sinais clínicos de displasia coxofemoral incluem:
Claudicação (mancar)
Dificuldade para se levantar ou deitar
Relutância em correr, pular ou brincar
Atrofia muscular nos membros posteriores
Dor à manipulação da articulação do quadril
Andar rebolado ou com passos curtos
Esses sinais podem surgir de forma intermitente e progredir lentamente, tornando o diagnóstico mais difícil para tutores desatentos.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da displasia coxofemoral é feito por meio de exame físico ortopédico e confirmação radiográfica. Em alguns casos, exames mais detalhados como a tomografia computadorizada podem ser recomendados.
O tratamento pode variar de acordo com o grau da displasia e a idade do paciente. Em casos leves, manejo com fisioterapia, controle de peso e suplementação pode ser suficiente. Em quadros mais avançados, procedimentos cirúrgicos, como a colocefalectomia ou a prótese de quadril, podem ser indicados para restaurar o conforto e a mobilidade.
Conclusão: displasia não escolhe porte
A displasia coxofemoral em cães não é exclusividade das raças grandes. Embora seja mais frequente nelas, cães pequenos e SRDs também podem ser afetados. A atenção aos sinais precoces e o diagnóstico com um ortopedista veterinário são fundamentais para garantir qualidade de vida ao animal.
Se notar algum desses sintomas em seu cão, agende uma avaliação ortopédica conosco.
Referências bibliográficas
Fossum, T. W. (2019). Small Animal Surgery (5th ed.). Elsevier.
Olmstead, M. L. (2001). Small Animal Orthopedics. Thieme Medical Publishers.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.
Como ortopedista veterinário, vejo muitos tutores se surpreenderem ao descobrir que a displasia coxofemoral também pode afetar cães pequenos. Por isso, é fundamental observar qualquer sinal de dor ou dificuldade de locomoção, independentemente do porte. Se tiver dúvidas ou quiser agendar uma avaliação ortopédica, estou à disposição para ajudar!