top of page

Dipirona em cães

Atualizado: 12 de set.

A dipirona, também conhecida como metamizol, é um analgésico e antipirético amplamente utilizado na medicina veterinária, especialmente em cães, para o alívio da dor moderada a intensa e no controle da febre.


ree

Apesar de sua eficácia e relativa segurança em doses terapêuticas, muitos tutores se perguntam se o medicamento pode ser administrado diariamente e por períodos prolongados sem causar efeitos adversos ao animal.


Na rotina clínica, a dipirona é frequentemente prescrita para cães que apresentam dor aguda — como após cirurgias, traumas ou quadros inflamatórios — e também em algumas situações de dor crônica, quando o veterinário considera o seu uso apropriado. Sua ação se dá principalmente por inibição da ciclo-oxigenase (COX), além de atuar em vias centrais relacionadas à modulação da dor e da febre.


Um dos diferenciais da dipirona, em comparação a outros anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), é o seu menor potencial ulcerogênico, o que a torna uma opção viável em pacientes que não toleram bem os AINEs clássicos.


No entanto, o uso diário da dipirona deve ser feito com muita cautela e sempre sob prescrição e acompanhamento veterinário. Embora o medicamento seja bem tolerado na maioria dos casos, o uso prolongado pode aumentar o risco de efeitos adversos, como depressão medular (leucopenia, agranulocitose), hepatotoxicidade e alterações renais.


Essas reações, embora raras em cães, já foram descritas na literatura e, por isso, seu uso contínuo exige um monitoramento cuidadoso, incluindo exames laboratoriais periódicos.

Além disso, é importante considerar que a dor crônica em cães geralmente está relacionada a condições como osteoartrite, neoplasias ou doenças neurológicas, que muitas vezes requerem abordagens terapêuticas multimodais.


Em casos assim, a dipirona pode até fazer parte do protocolo, mas dificilmente será a única medicação prescrita. Fármacos como a gabapentina, o tramadol, os anti-inflamatórios e até mesmo terapias adjuvantes, como acupuntura e fisioterapia, são frequentemente integrados ao plano de tratamento. Outro ponto relevante é a dose.


A dipirona é normalmente administrada por via oral ou injetável, na dose de 25 a 50 mg/kg, a cada 8 ou 12 horas, dependendo da resposta clínica e da via utilizada. Doses acima do recomendado aumentam consideravelmente o risco de toxicidade, enquanto o uso subterapêutico pode ser ineficaz, prejudicando o bem-estar do animal.

Portanto, embora a dipirona possa ser administrada diariamente em algumas situações específicas e sob criteriosa avaliação clínica, ela não deve ser utilizada de forma contínua e indiscriminada. A dor crônica em cães deve sempre ser investigada quanto à causa subjacente e tratada de forma abrangente, priorizando a segurança e a qualidade de vida do paciente. O tutor nunca deve medicar seu animal por conta própria nem prolongar o uso de um medicamento sem reavaliação veterinária.

Referências bibliográficas:

Papich, M. G. (2016). Saunders Handbook of Veterinary Drugs: Small and Large Animal. Elsevier Health Sciences.

Monteiro-Steagall, B. P., Steagall, P. V., & Lascelles, B. D. (2013). Systematic review of nonsteroidal anti-inflammatory drug-induced adverse effects in dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, 27(5), 1011–1019.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
Whatsapp: (11)97522-5102
Endereço: Alameda dos Guaramomis, 1067, Moema, São Paulo, SP

bottom of page