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Diferença entre luxação e fratura em cães

A luxação e a fratura em cães são condições ortopédicas distintas que, embora frequentemente confundidas pelos tutores, apresentam características próprias e demandam abordagens diferentes no diagnóstico e tratamento.


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A luxação ocorre quando há perda da congruência articular, ou seja, os ossos que compõem a articulação deixam de se relacionar de forma anatômica e estável.


Um exemplo clássico é a luxação de patela, muito comum em raças de pequeno porte, em que a patela se desloca do sulco troclear e passa a se movimentar de maneira anormal, gerando dor, claudicação e, em casos crônicos, desgaste precoce da cartilagem.


Luxações podem ter origem congênita, quando associadas a alterações anatômicas herdadas, ou traumática, quando resultam de acidentes, quedas ou impactos.


O quadro clínico envolve instabilidade, dor articular e limitação de movimento, sendo que algumas luxações podem ser reduzidas manualmente, enquanto outras necessitam de correção cirúrgica para restabelecer a função normal da articulação e prevenir recorrências.


A fratura, por sua vez, é caracterizada pela ruptura da continuidade óssea. Pode ocorrer de forma completa ou incompleta e apresentar diferentes padrões, como transversais, oblíquas, cominutivas ou por avulsão.


Na maioria dos casos, está associada a traumas de alta energia, como atropelamentos, quedas de grandes alturas ou mordidas, mas também pode estar relacionada a fragilidade óssea decorrente de neoplasias ou processos infecciosos.


Diferentemente da luxação, que preserva a integridade do osso mas compromete a estabilidade articular, a fratura rompe diretamente a estrutura óssea, exigindo um processo de consolidação biológica. O diagnóstico é realizado por exame clínico e confirmado por radiografias, que permitem avaliar o tipo, a localização e o grau de deslocamento dos fragmentos.


No tratamento, a luxação busca restabelecer a estabilidade articular, podendo envolver desde técnicas de redução fechada até procedimentos cirúrgicos complexos que corrigem desalinhamentos ósseos e estabilizam a articulação.


Já a fratura geralmente requer estabilização rígida com o uso de implantes ortopédicos, como placas, pinos, parafusos ou fixadores externos, permitindo que o osso cicatrize de forma adequada e que o paciente recupere sua função locomotora.


Em alguns casos, luxações e fraturas podem coexistir, o que torna o diagnóstico mais desafiador e exige planejamento cirúrgico individualizado.


Compreender a diferença entre luxação e fratura em cães é fundamental não apenas para o médico-veterinário, que precisa indicar a conduta terapêutica mais adequada, mas também para os tutores, que muitas vezes confundem os termos e subestimam a gravidade da condição.


Ambas representam emergências ortopédicas que devem ser avaliadas prontamente, já que o tempo de intervenção influencia diretamente no prognóstico funcional e na qualidade de vida do animal.

Referências

Johnston, S. A., & Tobias, K. M. (2018). Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd ed. Elsevier.


Fossum, T. W. (2019). Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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