Diferença entre luxação de patela e displasia coxofemoral
- Felipe Garofallo

- 11 de jun.
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Atualizado: 12 de set.
Luxação de patela e displasia coxofemoral são duas das principais causas de dor e claudicação em cães, especialmente em raças predispostas a problemas ortopédicos. Embora ambas as condições afetem os membros posteriores (traseiros), apresentam diferenças importantes em relação à localização, causa, sintomas, diagnóstico e tratamento.
Compreender essas distinções é fundamental para que tutores possam identificar sinais precoces e buscar o atendimento especializado adequado, aumentando as chances de recuperação e qualidade de vida do animal.

A luxação de patela ocorre quando a patela, o pequeno osso localizado na frente do joelho, sai de sua posição anatômica correta dentro do sulco femoral, a tróclea. Essa condição pode ser medial (mais comum) ou lateral, dependendo da direção em que a patela se desloca. É uma enfermidade bastante prevalente em cães de pequeno porte, como Poodle, Lulu da Pomerânia, Pinscher e Yorkshire, embora também possa ocorrer em raças maiores.
A causa da luxação de patela é frequentemente congênita, associada a alterações anatômicas como desalinhamento do quadríceps, deformidades ósseas e rótulas rasas. Cães com luxação podem apresentar episódios de mancar intermitente, seguidos por períodos de caminhada normal, além de levantar a perna brevemente durante a locomoção, sinal clássico da instabilidade patelar.
Já a displasia coxofemoral é uma doença que afeta a articulação do quadril, mais especificamente a relação entre o acetábulo (cavidade do quadril) e a cabeça do fêmur. Na displasia, há um encaixe inadequado dessas estruturas, o que leva à instabilidade articular, inflamação, desgaste da cartilagem e desenvolvimento progressivo de artrose. Essa condição é mais comum em cães de grande porte, como Labrador, Pastor Alemão, Rottweiler e Golden Retriever. A displasia tem origem multifatorial, envolvendo predisposição genética, crescimento acelerado, nutrição inadequada e falta de fortalecimento muscular durante a fase de desenvolvimento.
Os sinais clínicos incluem dor ao levantar, relutância para correr ou subir escadas, claudicação nos membros posteriores e, em casos avançados, atrofia muscular.
No diagnóstico, ambas as doenças exigem avaliação clínica ortopédica criteriosa, mas contam com exames complementares distintos.
Na luxação de patela, o exame físico já pode revelar o grau de instabilidade, sendo a classificação em graus de I a IV fundamental para definir a conduta. Radiografias ajudam a avaliar deformidades ósseas associadas. Já na displasia, as radiografias da pelve em projeções específicas (como a ventrodorsal com extensão dos membros) são essenciais para confirmar a frouxidão e avaliar a severidade da artrose.
O tratamento também difere. Casos leves de luxação de patela podem ser manejados clinicamente com fisioterapia, controle de peso e analgésicos, mas graus moderados e graves geralmente necessitam de cirurgia corretiva, como trocleoplastia e transposição da tuberosidade tibial. Já a displasia coxofemoral pode ser tratada com protocolos conservadores em fases iniciais, incluindo fortalecimento muscular e medicações, mas quadros mais graves podem exigir procedimentos como colocefalectomia, osteotomia pélvica duplas ou até mesmo artroplastia total de quadril (prótese de quadril) em centros especializados.
Portanto, embora luxação de patela e displasia coxofemoral possam gerar sintomas semelhantes, como dor e dificuldade para caminhar, são condições distintas tanto na origem quanto na forma de diagnóstico e tratamento.
O reconhecimento precoce e o encaminhamento a um ortopedista veterinário são essenciais para garantir o melhor resultado possível. Em uma clínica especializada, como a Ortho for Pets, o tutor encontra suporte técnico para identificar corretamente a origem do problema e traçar o plano terapêutico mais eficaz para a recuperação do pet.
Referências bibliográficas
Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. Saunders Elsevier.
Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.