Dicas práticas para transportar seu pet depois da cirurgia

Após uma cirurgia veterinária, o transporte do pet até em casa é um dos momentos mais delicados do processo de recuperação. Muitos tutores subestimam essa etapa, mas o modo como o animal é carregado logo após o procedimento pode influenciar diretamente na dor, no estresse e até na integridade dos pontos cirúrgicos. Por isso, seguir orientações específicas e práticas é fundamental para garantir a segurança e o conforto do seu pet durante esse deslocamento tão importante.

O primeiro ponto a ser considerado é que, após uma cirurgia, o animal ainda pode estar sob efeito de anestésicos, sedativos ou analgésicos potentes. Isso significa que ele pode apresentar sonolência, desorientação, desequilíbrio ou até reações imprevisíveis. Por isso, nunca deve ser transportado solto dentro do carro.

A recomendação ideal é que o pet seja colocado em uma caixa de transporte adequada ao seu tamanho, forrada com cobertores macios ou toalhas dobradas, de forma que ele fique confortável e protegido contra impactos ou movimentações bruscas. Para cães de porte médio a grande, que não cabem em caixas de transporte, é possível improvisar com o uso de mantas ou colchonetes ortopédicos no banco traseiro, sempre com o uso de cinto de segurança adaptado ou com o auxílio de uma pessoa para segurar o animal com firmeza e cuidado.

É importante que o tutor ou responsável evite tocar ou apoiar as mãos na região operada. A forma correta de levantar o animal depende da cirurgia realizada. No caso de cirurgias ortopédicas nos membros posteriores, por exemplo, o ideal é sustentar parte do peso no tórax do animal e apoiar os quadris cuidadosamente, respeitando os limites de dor e sempre evitando movimentos de torção. Já nos casos de cirurgias abdominais, o apoio deve ser feito com as mãos posicionadas sob o peito e a parte traseira, distribuindo o peso de forma equilibrada e suave. O uso de toalhas, como tipoia improvisada pode ajudar bastante no suporte para pets maiores ou com dificuldade de locomoção.

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Outro ponto essencial é evitar escadas ou terrenos acidentados no trajeto até o carro. Sempre que possível, o tutor deve estacionar o veículo o mais próximo possível da porta da clínica e contar com a ajuda de um segundo adulto para facilitar o embarque. Se for necessário subir escadas em casa, prefira carregá-lo no colo, mesmo que seja um animal de porte médio. Em alguns casos, especialmente após cirurgias de coluna, qualquer impacto ou sobrecarga pode comprometer o resultado da cirurgia. Portanto, o esforço vale a pena.

Durante o transporte, é importante manter o ambiente calmo e silencioso. Evite colocar música alta, manter o ar-condicionado muito frio ou fazer curvas bruscas. A estabilidade do pet dentro do veículo ajuda a minimizar o desconforto e reduz o risco de náusea, comum em animais que passaram por anestesia geral. Ao chegar em casa, o tutor deve ter preparado previamente um local tranquilo, limpo, confortável e sem acesso a escadas ou pisos escorregadios. Quanto menos o pet se movimentar nas primeiras horas após a cirurgia, melhor será sua recuperação inicial.

É válido lembrar também que alguns pets podem vocalizar, chorar ou demonstrar inquietação mesmo sob efeito de medicações. Isso nem sempre é sinal de dor intensa, mas pode ser resultado da desorientação causada pelos fármacos. Ainda assim, o tutor deve informar a equipe veterinária caso o comportamento pareça exagerado ou persistente. O transporte seguro, calmo e cuidadoso é um dos primeiros passos para um pós-operatório tranquilo e eficaz.

Referências bibliográficas

1. Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery. Elsevier.

   
   

2. Tobias, K. M., & Johnston, S. A. (2012). Veterinary Surgery: Small Animal. Elsevier.

Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.

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