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Cãibras em cães: Existem?

Cães podem sim apresentar episódios semelhantes às cãibras descritas em humanos, mas o termo técnico mais adequado para esses eventos é contratura ou espasmo muscular.


A cãibra é definida como uma contração súbita, involuntária e dolorosa de um grupo muscular, geralmente associada a fadiga, desidratação, distúrbios eletrolíticos ou alterações neuromusculares.


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Embora não seja uma queixa tão frequente relatada pelos tutores, há descrições de cães que apresentam manifestações compatíveis, principalmente em situações de esforço físico intenso ou em quadros de doenças específicas.


Em cães atletas ou muito ativos, as contraturas podem ocorrer após exercícios vigorosos, longas caminhadas, corridas ou brincadeiras intensas. Nesses casos, o tutor pode observar o animal subitamente parar a atividade, apresentar rigidez em um membro, dificuldade para movimentar-se e sinais de dor aguda.


A desidratação e o desequilíbrio de eletrólitos como cálcio, potássio e magnésio estão entre os fatores predisponentes, assim como o condicionamento físico inadequado. Outro ponto relevante é que algumas raças, como Labrador Retriever e Border Collie, apresentam maior propensão a problemas musculares relacionados ao esforço.


Além do esforço físico, certas doenças podem predispor ao surgimento de espasmos musculares. Entre elas estão as alterações neurológicas, como as doenças da medula espinhal, neuropatias periféricas ou epilepsia, que podem causar contrações musculares involuntárias.


Distúrbios metabólicos, como hipocalcemia ou insuficiência renal, também podem levar a desequilíbrios eletrolíticos que se manifestam por espasmos dolorosos.


O diagnóstico de cãibra em cães é clínico, baseado no histórico do tutor, na observação dos episódios e na exclusão de outras doenças musculoesqueléticas ou neurológicas. Exames laboratoriais podem auxiliar na investigação de distúrbios metabólicos, enquanto exames de imagem ajudam a descartar causas ortopédicas primárias.


O tratamento depende da causa. Nos casos relacionados a esforço físico, repouso, hidratação adequada e alongamento suave podem ajudar na recuperação. Em quadros recorrentes ou associados a doenças, é fundamental corrigir o distúrbio de base, seja metabólico, neurológico ou nutricional.


A fisioterapia veterinária e o condicionamento físico gradual podem ser grandes aliados na prevenção. Já nos casos graves ou persistentes, pode ser necessário o uso de analgésicos, suplementos minerais ou terapias específicas.


Portanto, embora não seja uma condição comum, os cães podem sim apresentar cãibras ou espasmos musculares, principalmente em situações de esforço físico intenso ou em decorrência de doenças.


O tutor que observa esse tipo de manifestação deve procurar avaliação veterinária para determinar a causa exata e garantir um manejo adequado, evitando desconforto e possíveis complicações para o animal.


Referências bibliográficas


Miller, M. S., & Snow, L. A. (2011). Muscle disorders in dogs and cats. The Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 41(1), 143–165.


Shelton, G. D. (2004). Muscle pain, cramps and weakness in dogs. Journal of Small Animal Practice, 45(9), 425–432.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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