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Cães sem dor profunda precisam ir para cirurgia de coluna em emergência?

A ausência de dor profunda em cães com lesões de coluna é considerada um dos sinais neurológicos mais graves e tem implicações diretas no prognóstico.


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A dor profunda é a percepção consciente de estímulos dolorosos em nível medular profundo, testada clinicamente por meio de pinçamento interdigital intenso.


Quando o cão não apresenta essa resposta, significa que há uma interrupção quase completa da condução nervosa nos tratos ascendentes da medula, geralmente por compressão grave, ruptura medular ou necrose.


Do ponto de vista clínico, cães que perdem a dor profunda têm uma chance de recuperação muito reduzida sem tratamento cirúrgico.


Em casos de hérnia de disco, por exemplo, a taxa de recuperação com cirurgia feita rapidamente (idealmente dentro de 24 a 48 horas após a perda da dor profunda) varia em torno de 40 a 60%.


Após esse período, as chances caem de forma significativa, pois ocorre mielomalácia progressiva e degeneração irreversível da medula. Sem cirurgia, a possibilidade de recuperação é mínima, e o prognóstico para retorno da função locomotora torna-se extremamente reservado.


Portanto, sim: a perda de dor profunda em um cão com doença medular compressiva é uma emergência cirúrgica.


Quanto mais precoce a descompressão da medula espinhal, maiores as chances de sucesso. O atraso no encaminhamento ou na intervenção reduz drasticamente a possibilidade de o animal voltar a andar.


Além disso, é fundamental orientar os tutores sobre o risco de complicações graves, como a mielomalácia ascendente, que pode levar à paralisia respiratória.


Em resumo, todo cão que perde a dor profunda deve ser considerado candidato a cirurgia de emergência, salvo em situações nas quais o quadro clínico geral ou as condições financeiras do tutor não permitam. O manejo conservador nesses casos tem prognóstico extremamente ruim.


Referências bibliográficas


Brisson, B. A. (2010). Intervertebral disc disease in dogs. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 40(5), 829–858.


Olby, N. J., da Costa, R. C., Levine, J. M., & Stein, V. M. (2014). Prognostic factors in canine acute intervertebral disc disease. Frontiers in Veterinary Science, 1:54.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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