Cuidado emocional do tutor do pet em casos cirúrgicos complexos
- Felipe Garofallo

- 28 de out.
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O cuidado emocional do tutor em casos cirúrgicos complexos é um componente essencial do atendimento veterinário moderno, especialmente em ortopedia, onde o tratamento muitas vezes envolve dor, reabilitação prolongada e incertezas quanto ao resultado.

O tutor é, em última instância, o principal cuidador e decisor do paciente, e seu estado emocional influencia diretamente a adesão ao tratamento, o cumprimento das recomendações e até mesmo a recuperação do animal.
Antes da cirurgia, é comum que o tutor apresente ansiedade, medo e culpa. A incerteza sobre o prognóstico e o receio de complicações cirúrgicas podem gerar resistência à decisão ou busca excessiva por informações em fontes não confiáveis. O papel do veterinário nesse momento é oferecer acolhimento, empatia e clareza.
Explicar o procedimento de forma transparente, com linguagem acessível, ajuda a reduzir a ansiedade e a criar uma relação de confiança.
É importante equilibrar honestidade e esperança, deixando claro os riscos, mas também enfatizando as chances reais de sucesso e o impacto positivo do tratamento.
No pós-operatório, a ansiedade do tutor frequentemente se transforma em preocupação constante. A recuperação ortopédica é lenta e exige paciência, períodos de restrição de movimento, fisioterapia e cuidados diários que demandam tempo e envolvimento emocional.
O veterinário deve preparar o tutor para essa jornada, mostrando o que é esperado em cada fase e validando suas dificuldades.
O suporte emocional pode incluir contato frequente nas primeiras semanas, feedbacks positivos sobre a evolução e incentivo diante dos desafios.
Muitos tutores também vivenciam o chamado “estresse do cuidador”, quando a dedicação intensa à recuperação do animal leva a cansaço e sobrecarga emocional. Nesses casos, o profissional pode sugerir pausas, dividir tarefas entre membros da família e reforçar que o bem-estar do tutor é parte essencial da recuperação do paciente.
A comunicação empática é a ferramenta mais poderosa nesse processo. Um veterinário que escuta ativamente, responde com calma e demonstra compreensão fortalece o vínculo humano-animal e reduz a ansiedade associada ao tratamento.
Pequenos gestos, como enviar mensagens de acompanhamento, compartilhar fotos pós-cirúrgicas ou mostrar resultados radiográficos de forma positiva, ajudam a transformar a experiência cirúrgica em um processo mais leve e participativo.
Em síntese, o manejo emocional do tutor não é apenas um complemento, mas parte integrante do tratamento ortopédico.
Cuidar do tutor é, indiretamente, cuidar do paciente, pois a recuperação física depende, em grande parte, da estabilidade emocional e da confiança de quem o acompanha.
Referências bibliográficas:
1. Shaw, J. R., Bonnett, B. N., Adams, C. L., & Roter, D. L. (2006). Veterinarian-client-patient communication patterns used during clinical appointments in companion animal practice. *Journal of the American Veterinary Medical Association*, 228(5), 714–721.
2. Volk, J. O., Felsted, K. E., Thomas, J. G., & Siren, C. W. (2011). Executive summary of the Bayer veterinary care usage study. *Journal of the American Veterinary Medical Association*, 238(10), 1275–1282.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.