Como transportar um cachorro com a pata quebrada?
- Felipe Garofallo

- 9 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Transportar um cachorro com fratura exige cuidado, calma e conhecimento básico para evitar que a lesão piore durante o deslocamento até a clínica veterinária.

Quando um animal sofre um trauma, como um atropelamento ou queda de altura, ele pode apresentar dor intensa, instabilidade no membro afetado, sangramento e até estado de choque. Nessas situações, o modo como o tutor manipula o corpo do animal pode fazer toda a diferença entre uma fratura simples e uma fratura com complicações graves, como exposição óssea, danos a nervos ou agravamento da dor.
A primeira regra é manter a calma e evitar movimentos bruscos. Se o cão estiver consciente, ele pode reagir com medo ou agressividade por conta da dor. Usar uma focinheira improvisada com uma faixa de pano pode ser necessário para proteger tanto o tutor quanto o animal, desde que ele esteja respirando normalmente. O próximo passo é imobilizar o corpo do animal, ou ao menos o membro fraturado, sem tentar alinhar ou forçar a posição natural. O tutor não deve tentar “colocar o osso no lugar”, pois isso pode causar hemorragias internas ou lesar vasos e nervos.
O ideal é usar uma base rígida, como uma prancha, uma tábua, ou até uma tampa de caixa, adaptada como maca. O cachorro deve ser deitado com cuidado sobre essa superfície, preferencialmente na posição em que está mais confortável e estável.
Se a fratura for nos membros, panos dobrados, cobertores ou almofadas podem ser usados ao redor da pata para limitar os movimentos. Em casos de fraturas expostas, a ferida pode ser coberta com um pano limpo e úmido até a chegada ao atendimento veterinário, sempre sem fazer pressão sobre o local.
O transporte deve ser feito de maneira suave, sem sacolejos, evitando escadas, buracos ou impactos. Em carros, o ideal é que a maca fique sobre o banco traseiro ou no chão do veículo, sempre com alguém acompanhando o animal para evitar que ele tente se mover ou caia.
Em fraturas na coluna, pescoço ou bacia, o cuidado deve ser ainda maior: o corpo todo do cão deve ser mantido alinhado, e a movimentação reduzida ao mínimo necessário.
Em casos extremos, onde não há maca ou material rígido disponível, um cobertor grosso pode ser usado como apoio improvisado para carregar o animal, desde que ele fique bem sustentado e o tutor não o dobre ou force a coluna durante a movimentação. O foco deve ser sempre proteger a área lesada e reduzir o estresse.
Lembrando que o ideal é levar o cão o mais rápido possível para avaliação veterinária. O tempo entre o trauma e o início do tratamento pode impactar diretamente no prognóstico, especialmente em fraturas múltiplas, fraturas expostas ou associadas a hemorragias internas. O cuidado no transporte, ainda que improvisado, pode evitar complicações importantes e aumentar as chances de uma recuperação completa.
Referências bibliográficas:
– Fossum TW. Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier; 2018.
– Pavletic MM. Atlas of Small Animal Wound Management and Reconstructive Surgery. 3rd ed. Wiley-Blackwell; 2010.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.