Como saber se o cachorro sente dor no quadril?
- Felipe Garofallo

- 18 de set.
- 2 min de leitura
A dor no quadril em cães é uma condição comum, especialmente em raças predispostas à displasia coxofemoral, mas também pode estar relacionada a processos degenerativos, inflamatórios, traumáticos ou até mesmo ao envelhecimento natural das articulações.

Identificar quando o animal sente dor é fundamental, já que os cães muitas vezes não demonstram desconforto de forma óbvia.
Diferentemente dos humanos, eles tendem a mascarar a dor como mecanismo de defesa, o que exige do tutor um olhar atento para mudanças sutis no comportamento e nos movimentos do pet.
Um dos sinais mais frequentes é a claudicação, ou seja, a dificuldade em apoiar o membro posterior, que pode se manifestar em intensidade variável.
Alguns cães apresentam apenas uma leve rigidez ao levantar-se após repouso, enquanto outros evitam totalmente o apoio do membro afetado. Esse desconforto costuma ser mais evidente depois de períodos de atividade física ou nos dias frios, quando a inflamação articular tende a se intensificar.
Outro indício importante é a relutância em realizar movimentos que antes eram naturais, como subir escadas, pular no sofá ou entrar no carro. Essa limitação não é apenas preguiça ou envelhecimento, mas sim uma forma de evitar a dor provocada pelo esforço na articulação do quadril.
Além disso, é comum observar alterações no comportamento: o cão pode ficar mais quieto, buscar menos interação ou até apresentar sinais de irritação quando o tutor manipula a região do quadril.
Em alguns casos, o animal pode rosnar, chorar ou mudar de posição bruscamente ao ser tocado. A postura também fornece pistas importantes: cães com dor no quadril muitas vezes apresentam atrofia muscular nos membros posteriores, caminham com passadas mais curtas ou mantêm o peso deslocado para a parte anterior do corpo, como forma de aliviar a sobrecarga articular.
É fundamental destacar que a dor crônica no quadril impacta diretamente a qualidade de vida do animal.
Além do sofrimento físico, a limitação de movimentos reduz a interação social, a disposição para brincar e pode levar até a alterações comportamentais mais sérias.
Por isso, qualquer suspeita deve ser investigada por meio de exame físico detalhado, testes ortopédicos específicos e exames de imagem, como radiografias ou tomografias, que confirmam alterações na articulação.
O reconhecimento precoce dos sinais de dor é decisivo para que o tratamento seja instituído no momento adequado, evitando a progressão da lesão e oferecendo ao cão mais conforto e bem-estar.
Opções terapêuticas podem variar desde o uso de analgésicos e anti-inflamatórios até fisioterapia, acupuntura e, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas corretivas.
Assim, o tutor desempenha papel essencial no processo: observar, relatar com detalhes ao médico veterinário e buscar acompanhamento especializado sempre que houver suspeita de dor no quadril.
Referências bibliográficas
Johnston, S. A., & Tobias, K. M. (2017). Veterinary Surgery: Small Animal. Elsevier Health Sciences.
Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. Saunders.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.