Como saber se o cachorro está sentindo dor na coluna
- Felipe Garofallo

- 21 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Saber se um cachorro está sentindo dor na coluna pode ser um grande desafio, principalmente porque os cães não conseguem expressar o desconforto de forma direta.

No entanto, tutores atentos costumam perceber alterações sutis no comportamento que indicam que algo não vai bem. Mudanças de humor, relutância para se movimentar, dificuldade para subir em móveis ou escadas, postura arqueada e vocalizações ao serem tocados são sinais clássicos de dor na região vertebral.
Em alguns casos, o animal pode parar de abanar o rabo, manter a cabeça baixa, andar com os músculos tensos ou até mesmo apresentar paralisia parcial ou total das patas traseiras, dependendo da região da coluna afetada.
A coluna vertebral dos cães é composta por vértebras, discos intervertebrais, ligamentos, nervos e musculatura de suporte. Qualquer alteração nessas estruturas pode resultar em dor.
Entre as principais causas, destacam-se as doenças degenerativas de disco, como a hérnia de disco, comum em raças como Dachshund e Shih Tzu, que pode provocar desde desconforto leve até incapacidade motora. Traumas, como quedas ou atropelamentos, também são frequentes e, muitas vezes, causam fraturas, luxações ou compressões medulares.
Além disso, algumas raças estão predispostas a malformações congênitas que afetam a coluna, como a hemivértebra presente em Bulldogs Franceses e Pugs.
Doenças inflamatórias ou infecciosas, como a meningomielite ou discospondilite, também podem gerar dor intensa, febre e rigidez cervical. Tumores na medula espinhal, nas vértebras ou nos tecidos adjacentes são causas mais raras, porém igualmente preocupantes, especialmente em cães mais velhos.
O diagnóstico precoce é essencial e normalmente envolve uma combinação de exame físico, testes neurológicos e exames de imagem, como radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Em alguns casos, pode ser necessário encaminhamento para um veterinário especializado em ortopedia ou neurologia.
A boa notícia é que a maioria dos quadros pode ser controlada ou tratada com sucesso, desde que diagnosticada adequadamente.
O tratamento pode incluir repouso, anti-inflamatórios, analgésicos, fisioterapia, acupuntura ou, em casos mais graves, cirurgia. Observar o comportamento do seu cão e buscar ajuda veterinária ao primeiro sinal de dor é a melhor forma de preservar sua qualidade de vida e evitar complicações.
Referências bibliográficas:
Brisson, B. A. (2010). Intervertebral Disc Disease in Dogs. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 40(5), 829–858. doi:10.1016/j.cvsm.2010.05.001
Jeffery, N. D., Levine, J. M., Olby, N. J., & Stein, V. M. (2013). Intervertebral Disc Degeneration in Dogs: Consequences, Diagnosis, Treatment, and Future Directions. Journal of Veterinary Internal Medicine, 27(6), 1318–1333. doi:10.1111/jvim.12183
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.