Como prevenir infecções no pós-operatório em cães
- Felipe Garofallo

- 22 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de out.
Prevenir infecções no pós-operatório em cães é uma das etapas mais importantes para garantir uma recuperação tranquila e sem complicações.

A infecção do sítio cirúrgico pode comprometer não apenas o sucesso do procedimento, mas também a qualidade de vida do animal, levando à necessidade de tratamentos prolongados, uso de antibióticos e, em casos mais graves, reintervenções cirúrgicas.
Felizmente, com cuidados adequados e orientação veterinária, é possível reduzir consideravelmente esse risco.
Antes de seguirmos com o conteúdo, você sabia que até 50% do sucesso do tratamento cirúrgico depende de uma boa orientação prévia e bons cuidados do pet pelo tutor em casa?
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Voltando ao nosso tópico, a primeira medida preventiva começa ainda durante o procedimento cirúrgico, com o uso de técnicas assépticas rigorosas, esterilização de materiais e administração de antibióticos profiláticos quando indicado.
No entanto, após a cirurgia, o sucesso do processo também depende da colaboração do tutor, que deve seguir cuidadosamente todas as orientações do veterinário durante o período de recuperação.
Manter o local da incisão limpo e seco é fundamental. O tutor deve evitar banhos e contato com água até que a cicatrização esteja completa e autorizada pelo profissional. Caso a incisão fique úmida ou suja, cria-se um ambiente propício para a proliferação bacteriana.
Em alguns casos, o veterinário pode indicar a limpeza local com soluções antissépticas específicas, mas isso só deve ser feito sob orientação profissional, pois o uso de produtos inadequados pode atrasar a cicatrização ou causar irritações.
Outro ponto crucial é o uso do colar elizabetano, que impede o animal de lamber, morder ou coçar o local da cirurgia. Essa é uma das causas mais frequentes de infecção em feridas cirúrgicas: o contato direto da saliva do cão com a incisão ou os pontos.
Mesmo que o cão pareça calmo ou desinteressado inicialmente, é comum que tente mexer no local quando começa a sentir coceira durante a fase de cicatrização. Por isso, o colar deve ser mantido continuamente até a remoção dos pontos ou liberação pelo veterinário.
O repouso adequado também contribui para a prevenção de infecções. Movimentos bruscos, saltos ou corridas podem provocar tração nos pontos cirúrgicos, microlesões na pele e abertura parcial da ferida, criando portas de entrada para bactérias.
Cães muito ativos devem ser mantidos em ambiente controlado, com restrição de espaço e supervisão constante, especialmente nos primeiros dias.
A administração correta de medicamentos prescritos é outro fator essencial. Antibióticos devem ser dados nos horários e doses recomendados, mesmo que o cão já aparente melhora.
A interrupção precoce do tratamento pode favorecer a proliferação de bactérias resistentes e provocar uma infecção mais grave. Analgésicos e anti-inflamatórios também devem ser administrados conforme orientação, pois o controle da dor evita que o cão se automutile por desconforto.
A observação diária da ferida pelo tutor é indispensável. Vermelhidão excessiva, inchaço, secreção purulenta, mau cheiro, calor local, dor à manipulação ou abertura dos pontos são sinais de alerta e devem ser comunicados imediatamente ao veterinário.
O ideal é que o tutor verifique o aspecto da incisão pelo menos uma vez ao dia, com as mãos limpas e, se possível, com o cão em posição tranquila e relaxada.
Além disso, o ambiente em que o cão permanece deve ser limpo, seco e livre de poeira ou contato com outros animais, especialmente nos primeiros dias.
Cães que vivem em quintais ou áreas externas devem ser mantidos temporariamente em ambientes internos, sobre camas limpas, para evitar o contato da ferida com terra, folhas, fezes ou urina.
O acompanhamento com o veterinário durante o pós-operatório é indispensável. Mesmo que tudo pareça bem, o profissional poderá identificar precocemente sinais sutis de infecção ou complicações, e orientar a melhor conduta para cada fase da cicatrização.
Em resumo, a prevenção de infecções pós-operatórias em cães depende de uma combinação de técnica cirúrgica adequada, uso racional de antibióticos, cuidados domiciliares rigorosos e vigilância constante por parte do tutor.
Quando essas medidas são seguidas corretamente, as chances de infecção são extremamente reduzidas, permitindo que o cão se recupere com conforto, segurança e dentro do tempo esperado.
Referências bibliográficas:
Papich, M. G. (2020). Saunders Handbook of Veterinary Drugs: Small and Large Animal (5th ed.).
Elsevier.Weese, J. S., & Evason, M. D. (2019). Infection Control in Small Animal Practice. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 49(2), 217–229.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.
