Como interpretar sinais iniciais de artrose no RX
- Felipe Garofallo

- 18 de out.
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A interpretação dos sinais iniciais de artrose no raio X exige atenção a detalhes sutis que muitas vezes passam despercebidos nas fases precoces da doença.

A osteoartrite é um processo degenerativo progressivo, e suas alterações radiográficas refletem o desequilíbrio entre destruição e reparo tecidual nas articulações.
O primeiro sinal a surgir é a esclerose subcondral, caracterizada por um aumento da densidade óssea logo abaixo da cartilagem articular. Ela aparece como uma faixa mais opaca e espessa na radiografia, geralmente nas áreas de maior carga mecânica.
Esse achado indica que o osso está respondendo ao aumento de atrito articular causado pela perda de lubrificação e início da degeneração cartilaginosa.
Outro indicativo precoce é a redução discreta do espaço articular, que reflete o afinamento da cartilagem.
Como o raio X não mostra a cartilagem diretamente, essa diminuição é um achado indireto e deve ser avaliada comparando o membro afetado com o contralateral.
Quando o espaço articular se apresenta assimetricamente estreitado, principalmente nas regiões de apoio, é um forte indício de degeneração inicial.
A formação de pequenos osteófitos marginais é outro sinal típico do início da artrose. Eles aparecem como espículas ósseas ou irregularidades nas bordas articulares, especialmente em locais como a cabeça femoral, o acetábulo e o planalto tibial.
Nos estágios iniciais, essas projeções são discretas, mas já indicam tentativa do corpo de aumentar a área de contato e estabilizar a articulação degenerada.
Também é comum observar alterações de contorno, como leve irregularidade da superfície óssea e espessamento capsular.
Em alguns casos, pode haver áreas de rarefação óssea adjacente, associadas à inflamação subcondral.
Embora essas alterações sejam sutis, a análise cuidadosa e comparativa é suficiente para identificar o processo degenerativo antes que ele cause dor evidente.
A interpretação deve considerar sempre o histórico clínico e a idade do paciente.
Cães de raças grandes, idosos ou com histórico de instabilidade ligamentar merecem avaliação mais criteriosa, mesmo quando as alterações radiográficas parecem discretas.
Em resumo, os primeiros sinais radiográficos de artrose incluem esclerose subcondral, redução leve e assimétrica do espaço articular, formação inicial de osteófitos e irregularidades marginais.
Reconhecer essas alterações precocemente permite intervir antes da dor e da limitação funcional, preservando a qualidade de vida do paciente.
Referências bibliográficas:
1. Johnston, S. A. (1997). Osteoarthritis: Joint anatomy, physiology, and pathobiology. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 27(4), 699–723.
2. Morgan, J. P., & Wind, A. P. (1996). Bone and joint radiology in the dog and cat. In Ettinger, S. J., & Feldman, E. C. (Eds.), Textbook of Veterinary Internal Medicine (4th ed.). W.B. Saunders Company.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.