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Foto do escritorFelipe Garofallo

Como diagnosticar hérnias de disco em cães?

Diagnosticar hérnias de disco em cães é um processo complexo e meticuloso que requer uma combinação de avaliação clínica, histórico médico, exame físico e uma variedade de exames de imagem.

A hérnia de disco, uma condição onde o material do disco intervertebral se desloca e comprime a medula espinhal ou raízes nervosas, pode causar uma série de sintomas neurológicos que variam em gravidade, desde dor leve até paralisia completa.

O primeiro passo no diagnóstico de hérnias de disco em cães envolve uma anamnese detalhada, onde o veterinário coletará informações abrangentes sobre o histórico médico do animal, incluindo a duração e a progressão dos sintomas, qualquer trauma recente e antecedentes genéticos, já que certas raças, como Dachshunds e Beagles, são mais predispostas a desenvolver esta condição. Durante essa fase, o tutor deve relatar qualquer comportamento anormal do cão, como dificuldade em caminhar, sinais de dor, relutância em subir escadas ou pular, ou mudanças no apetite e na capacidade de controle urinário e fecal.

Em seguida, um exame físico completo é realizado, focando especificamente no exame neurológico. O veterinário observará o cão enquanto ele se move, verificando a coordenação e a força muscular. Reflexos espinhais serão testados, e o nível de sensibilidade ao toque ao longo da coluna vertebral será avaliado. Observações como fraqueza em um ou mais membros, ataxia (descoordenação), ou respostas anormais aos estímulos dolorosos podem indicar a localização e a gravidade da compressão nervosa.

Para confirmar o diagnóstico de hérnia de disco e determinar a localização exata e a extensão da lesão, exames de imagem são essenciais. A radiografia convencional pode ser utilizada inicialmente para descartar outras condições ósseas, como fraturas ou tumores. No entanto, raios-X simples muitas vezes não são suficientes para visualizar claramente os discos intervertebrais e a medula espinhal.

A mielografia, um procedimento onde um meio de contraste é injetado no espaço subaracnóideo da medula espinhal, pode fornecer imagens mais detalhadas das estruturas espinhais e destacar áreas de compressão. No entanto, este método está sendo progressivamente substituído por técnicas de imagem avançadas como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM).

A tomografia computadorizada é especialmente útil para visualizar alterações ósseas e pode identificar hérnias de disco, especialmente em regiões como a coluna toracolombar. No entanto, a ressonância magnética é considerada o padrão-ouro para a avaliação de tecidos moles, incluindo discos intervertebrais e a medula espinhal. A RM oferece imagens de alta resolução que permitem uma visualização detalhada do grau de compressão nervosa, inflamação e outras anormalidades estruturais.

Em alguns casos, a eletromiografia (EMG) pode ser utilizada para avaliar a função elétrica dos músculos e nervos. Este exame pode ajudar a localizar a lesão e avaliar a gravidade do comprometimento nervoso, especialmente em casos onde a apresentação clínica é atípica ou os resultados de imagem não são conclusivos.

Além desses métodos, o veterinário pode recomendar exames laboratoriais para avaliar a saúde geral do cão e descartar outras condições que possam estar contribuindo para os sintomas neurológicos. A análise de líquido cefalorraquidiano (LCR) também pode ser realizada para detectar sinais de inflamação ou infecção que possam estar afetando a medula espinhal.

Após a confirmação do diagnóstico de hérnia de disco, o tratamento adequado pode ser planejado. Este pode variar desde manejo conservador com repouso e medicação para dor e inflamação até intervenções cirúrgicas para descompressão da medula espinhal. O sucesso do tratamento depende da precisão do diagnóstico e da rapidez com que a intervenção é iniciada.

Portanto, diagnosticar hérnias de disco em cães exige uma abordagem integrada, utilizando uma combinação de histórico médico detalhado, exame físico minucioso e tecnologias avançadas de imagem. Este processo abrangente garante que a condição seja corretamente identificada e tratada, proporcionando ao animal a melhor chance de recuperação e qualidade de vida.


Referências bibliográficas


Lappalainen, Anu & Vaittinen, Elina & Junnila, Jouni & Laitinen-Vapaavuori, Outi. (2014). Intervertebral disc disease in Dachshunds radiographically screened for intervertebral disc calcifications. Acta veterinaria Scandinavica. 56. 89. 10.1186/s13028-014-0089-4.

Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.

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