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Como cuidar de um cão com fixador externo (gaiola)

Atualizado: 28 de set.

Cuidar de um cão com fixador externo, popularmente conhecido como "gaiola", exige atenção constante, paciência e disciplina por parte do tutor. O fixador externo é um dispositivo cirúrgico utilizado para manter os ossos fraturados alinhados durante o processo de cicatrização.


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Ele é composto por pinos que atravessam a pele e o osso, conectados por hastes externas, criando uma estrutura firme e visível fora do corpo do animal. Por ser uma via de comunicação direta entre o ambiente externo e a parte interna do organismo, o risco de infecção é maior e, por isso, os cuidados diários são indispensáveis para garantir uma boa recuperação.


Nos primeiros dias após a cirurgia, o cão deve permanecer em repouso absoluto, de preferência em um ambiente restrito e seguro. Evitar escadas, pisos escorregadios, pulos ou brincadeiras com outros animais é essencial para que o fixador não sofra trações ou impactos.


Antes de seguirmos com o conteúdo, você sabia que até 50% do sucesso do tratamento cirúrgico depende de uma boa orientação prévia e bons cuidados do pet pelo tutor em casa?


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Voltando ao nosso tópico, cães mais agitados podem precisar de auxílio com coleira elizabetana, calmantes prescritos pelo veterinário ou contenções físicas adequadas para evitar que lambam ou mordam os pinos, o que compromete tanto a integridade do fixador quanto a saúde da pele ao redor.


A higiene ao redor dos pinos é o cuidado mais importante e deve ser feita diariamente. O tutor deve limpar com delicadeza a base de cada pino usando gaze estéril embebida em solução salina ou em antisséptico suave, como clorexidina diluída, sempre com as mãos limpas.


É comum que se formem crostas secas nos primeiros dias, mas elas não devem ser arrancadas à força. O objetivo da limpeza é evitar o acúmulo de secreções, manter a pele ao redor saudável e impedir a entrada de bactérias. Caso o tutor perceba vermelhidão intensa, inchaço, dor ao toque, secreção amarelada ou mau cheiro, é fundamental entrar em contato com o veterinário imediatamente, pois esses sinais podem indicar infecção.


O fixador não deve ser coberto com panos, faixas ou roupas, a menos que o veterinário indique o contrário. O contato constante com tecidos pode reter umidade, dificultar a ventilação e favorecer o crescimento de microrganismos.


O ideal é manter a região sempre arejada, limpa e seca. Além disso, é importante proteger o cão do contato com ambientes sujos, terra, grama, fezes ou urina, mantendo-o em área limpa, com pisos laváveis ou forros que possam ser trocados frequentemente.


A alimentação também desempenha um papel importante na recuperação óssea. Dietas ricas em proteína de boa qualidade, minerais como cálcio, fósforo e zinco, e vitaminas A, D e C ajudam na regeneração do tecido ósseo e na cicatrização das feridas. O veterinário pode recomendar suplementos específicos quando necessário, especialmente em cães idosos, desnutridos ou com problemas metabólicos.


As consultas de retorno com o veterinário são fundamentais. Durante o acompanhamento, o profissional avaliará a estabilidade do fixador, a saúde da pele ao redor dos pinos, o progresso da cicatrização óssea por meio de exames de imagem e a necessidade de eventuais ajustes no dispositivo.


O tempo de permanência do fixador externo varia conforme o tipo e a gravidade da fratura, mas geralmente dura entre quatro e oito semanas.


Quando chega o momento da remoção, o procedimento é simples e, na maioria dos casos, realizado com anestesia leve ou sedação, sem necessidade de nova cirurgia. Após a retirada, o membro pode apresentar fraqueza ou rigidez, e o veterinário poderá indicar sessões de fisioterapia para recuperação completa da força, mobilidade e função do membro afetado.


Com os cuidados certos, os fixadores externos oferecem uma excelente taxa de sucesso na recuperação de fraturas, mesmo nas mais complicadas. O envolvimento do tutor no processo é determinante para o bom resultado: sua atenção diária, carinho e comprometimento são tão importantes quanto a técnica cirúrgica aplicada.


Referências bibliográficas:


Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small


Animal Orthopedics and Fracture Repair (4th ed.). Elsevier.Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery (5th ed.). Elsevier.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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