Cisto ósseo aneurismático em cães: o que é e como tratar
- Felipe Garofallo

- 22 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
O cisto ósseo aneurismático em cães é uma condição rara, mas potencialmente agressiva, que acomete o tecido ósseo e pode gerar sinais clínicos importantes, como dor, claudicação e aumento de volume em determinada região do esqueleto.

Apesar de seu nome conter o termo “cisto”, essa lesão é considerada uma pseudoneoplasia ou uma lesão óssea expansiva benigna, mas com comportamento localmente agressivo, podendo causar destruição óssea significativa.
O termo “aneurismático” refere-se à presença de espaços císticos preenchidos por sangue no interior da lesão, o que confere ao cisto um aspecto multicavitário e expansivo, lembrando dilatações vasculares, embora não seja de origem vascular verdadeira.
A patogênese do cisto ósseo aneurismático ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que possa ocorrer como uma lesão primária ou secundária a outros processos ósseos, como tumores ósseos benignos ou malignos, displasias ósseas, traumas prévios ou alterações no fluxo sanguíneo local.
Os ossos longos, como o fêmur, úmero e tíbia, são os mais comumente afetados, e os animais acometidos geralmente são jovens, entre 6 meses e 2 anos de idade.
Clinicamente, os cães acometidos costumam apresentar dor persistente no local da lesão, claudicação progressiva, inchaço visível e, em alguns casos, fraturas patológicas devido à fragilidade óssea causada pela destruição da matriz óssea normal.
O diagnóstico é baseado na combinação de exame clínico, radiografias e, preferencialmente, tomografia computadorizada, que permite avaliar com maior precisão a extensão da lesão.
O exame histopatológico é essencial para confirmar o diagnóstico, uma vez que o cisto ósseo aneurismático pode ser confundido radiograficamente com tumores ósseos, como o osteossarcoma telangiectásico, por exemplo.
O tratamento do cisto ósseo aneurismático em cães depende da localização e do tamanho da lesão, bem como do comprometimento estrutural do osso afetado.
As opções terapêuticas mais comuns incluem a curetagem cirúrgica completa da lesão, associada à colocação de enxerto ósseo autólogo ou sintético para reconstrução do defeito, além de possíveis placas de suporte para estabilização mecânica do segmento acometido.
Em casos onde a lesão é muito extensa ou com risco elevado de recidiva, pode-se considerar a ressecção segmentar do osso e, em situações extremas, a amputação do membro.
Algumas abordagens experimentais, como embolização arterial seletiva e terapias adjuvantes como crioterapia ou aplicação local de agentes esclerosantes, têm sido descritas na literatura humana, mas seu uso em medicina veterinária ainda é limitado.
O prognóstico geralmente é bom quando a lesão é completamente removida e o suporte ortopédico adequado é fornecido.
No entanto, as taxas de recidiva podem variar, especialmente se a curetagem for incompleta ou se houver múltiplos compartimentos císticos não acessados durante a cirurgia. O acompanhamento com exames de imagem é essencial para monitorar a resposta ao tratamento e identificar precocemente qualquer sinal de recorrência.
Embora seja uma condição pouco comum, o cisto ósseo aneurismático deve ser incluído como diagnóstico diferencial em cães jovens que apresentam aumento de volume ósseo, dor intensa e alterações líticas nas radiografias.
O conhecimento dessa entidade permite ao médico veterinário conduzir uma investigação diagnóstica mais precisa e instituir um tratamento adequado, melhorando a qualidade de vida e o prognóstico dos pacientes afetados.
Referências bibliográficas:
THRALL, Donald E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 7th ed. Elsevier, 2017.
DIXON, P. M. et al. Aneurysmal bone cysts in animals: a review. Veterinary and Comparative Orthopaedics and Traumatology, 2005.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.