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Uso de cimento ósseo em cirurgias ortopédicas de cães e gatos

O cimento ósseo, geralmente à base de polimetilmetacrilato (PMMA), é amplamente utilizado em cirurgias ortopédicas veterinárias, especialmente naquelas de maior complexidade, em que a estabilidade mecânica imediata é essencial.


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Ao contrário de implantes metálicos ou enxertos, o cimento não promove osteogênese direta, mas oferece suporte estrutural, preenchendo falhas ósseas e fixando próteses de forma eficaz.


Em procedimentos de artroplastia total de quadril, o cimento ósseo é usado para fixar o componente femoral ou acetabular, garantindo ancoragem firme mesmo em ossos osteopênicos ou em pacientes idosos, nos quais a qualidade óssea é comprometida.


Nesses casos, o PMMA atua como um meio de interface entre o implante e o osso, distribuindo as forças de carga e reduzindo o risco de micromovimentos que poderiam levar à soltura precoce.


Outro campo de aplicação é na estabilização de fraturas altamente cominutivas, em que a reconstrução anatômica perfeita é inviável. O cimento pode preencher lacunas, auxiliar na fixação de placas e parafusos e fornecer um arcabouço temporário até a consolidação óssea.


Em algumas situações, combina-se o cimento com fios de Kirschner, placas ou até enxertos ósseos, criando uma estrutura híbrida.


A liberação local de antibióticos adicionados ao cimento (como gentamicina ou vancomicina) também tem relevância em casos de osteomielite ou em cirurgias de revisão, funcionando como uma estratégia terapêutica de alta concentração local e baixo risco sistêmico.


Apesar de suas vantagens, o cimento ósseo apresenta limitações importantes. O processo de polimerização gera calor, o que pode causar necrose tecidual se utilizado em excesso ou em contato direto com o osso cortical delgado.


Além disso, o PMMA é biologicamente inerte e não integra ao tecido ósseo, permanecendo como um material de preenchimento, sujeito à fadiga e possível soltura ao longo do tempo.


Outra consideração crítica é o risco de complicações relacionadas à reação térmica, toxicidade residual do monômero e infecção persistente caso o cimento não seja combinado a antibioticoterapia adequada em cenários contaminados.


Assim, o uso de cimento ósseo em cirurgias ortopédicas complexas exige planejamento cuidadoso.


Sua função deve ser vista como adjuvante, com o objetivo de fornecer estabilidade imediata, preencher falhas e permitir reabilitação precoce, mas não como substituto da regeneração óssea.


A associação com técnicas modernas, como placas bloqueadas, próteses customizadas e enxertos biológicos, amplia seu potencial, desde que respeitadas suas limitações físicas e biológicas.


Referências bibliográficas


Johnson AL, Houlton JEF, Vannini R. AO Principles of Fracture Management in the Dog and Cat. Thieme; 2005.


Piermattei DL, Flo GL, DeCamp CE. Brinker, Piermattei, and Flo's Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Elsevier; 2016.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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