Castração de gato macho: Como funciona?
- Felipe Garofallo
- 26 de set.
- 3 min de leitura
A castração de gato macho, chamada tecnicamente de orquiectomia, é um dos procedimentos mais comuns na medicina veterinária felina e consiste na remoção cirúrgica dos testículos sob anestesia geral.
Apesar de ser um procedimento simples e rápido, seus impactos na saúde, no comportamento e na qualidade de vida do animal são profundos, razão pela qual é amplamente recomendado por médicos-veterinários em todo o mundo.
Do ponto de vista da saúde, a castração elimina o risco de tumores testiculares e reduz consideravelmente a ocorrência de doenças associadas ao sistema reprodutor.
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Voltando ao nosso tópico, além disso, gatos castrados têm menor predisposição a desenvolver doenças transmitidas pelo contato com outros felinos, como a leucemia viral felina (FeLV) e a imunodeficiência felina (FIV), já que perdem parte do estímulo para disputas territoriais e acasalamentos, que frequentemente levam a brigas e mordidas, principais vias de transmissão desses vírus.
No aspecto comportamental, a castração traz mudanças significativas. Gatos inteiros, especialmente a partir da maturidade sexual, tendem a marcar território com urina de odor forte, a miar de forma intensa durante a noite e a tentar escapar para buscar fêmeas no cio.
Após a cirurgia, muitos desses comportamentos diminuem ou desaparecem, tornando a convivência mais tranquila dentro de casa. Além disso, gatos castrados são geralmente menos propensos a vagar longas distâncias, o que reduz o risco de atropelamentos, envenenamentos e agressões por outros animais.
O procedimento cirúrgico em si é relativamente rápido, frequentemente durando menos de 20 minutos. Após anestesia geral inalatória ou injetável, o veterinário realiza pequenas incisões no escroto para remover os testículos.
Em muitos casos, não é necessário suturar, pois as incisões cicatrizam rapidamente por segunda intenção. O pós-operatório costuma ser simples, e a maioria dos gatos se recupera em poucos dias.
É fundamental, entretanto, que o tutor siga as recomendações veterinárias, como manter o animal em ambiente seguro, evitar atividades intensas e utilizar o colar elizabetano quando indicado para prevenir lambedura da região cirúrgica.
Outro aspecto importante é a relação entre a castração e o controle populacional. Gatos não castrados podem reproduzir-se em ritmo acelerado, contribuindo para a superpopulação felina e os problemas de abandono.
Assim, a castração não é apenas uma decisão que favorece o bem-estar individual do gato, mas também um ato de responsabilidade social. Embora haja mitos de que a castração prejudique a saúde ou a vitalidade do animal, a evidência científica demonstra o contrário: gatos castrados tendem a viver mais tempo e com mais qualidade.
Em resumo, a castração de gato macho é um procedimento seguro, de rápida execução, com benefícios clínicos, comportamentais e sociais amplamente comprovados.
Quando realizada em idade adequada e com acompanhamento veterinário, é uma das medidas mais importantes para garantir uma vida longa, saudável e equilibrada ao felino.
Referências bibliográficas
Sparkes, A. H., et al. (2016). ISFM guidelines on population management and welfare of unowned domestic cats (Felis catus). Journal of Feline Medicine and Surgery, 18(9), 723–747.
Johnston, S. D., Root Kustritz, M. V., & Olson, P. N. S. (2001). Canine and Feline Theriogenology. W.B. Saunders.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.