Castração de cadela: Como funciona?
- Felipe Garofallo

- 26 de set.
- 3 min de leitura
A castração de cadela, também conhecida como ovariossalpingo-histerectomia, é uma das cirurgias mais comuns e importantes na rotina da medicina veterinária.

O procedimento consiste na remoção cirúrgica dos ovários e do útero, realizado sob anestesia geral, com o objetivo principal de prevenir a reprodução, mas trazendo também uma série de benefícios para a saúde e o comportamento do animal.
Trata-se de uma intervenção segura quando realizada em ambiente adequado e por equipe capacitada, embora, como toda cirurgia, envolva riscos que devem ser considerados e discutidos com o tutor.
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Voltando ao nosso tópico, do ponto de vista da saúde, a castração de fêmeas reduz de forma significativa o risco de doenças graves e potencialmente fatais.
Uma das principais é a piometra, uma infecção uterina comum em cadelas não castradas que pode exigir cirurgia de emergência e representar risco de morte.
Além disso, quando realizada antes do primeiro ou segundo cio, a castração diminui drasticamente a chance de desenvolvimento de tumores mamários, cuja incidência está diretamente relacionada à exposição hormonal.
Também previne cistos ovarianos, hiperplasia endometrial e neoplasias uterinas ou ovarianas. Dessa forma, a castração é considerada um importante fator de promoção de longevidade e qualidade de vida.
Sob a perspectiva comportamental, a castração elimina os ciclos reprodutivos e, com eles, manifestações como sangramento, atração de machos do entorno, agitação e mudanças de comportamento típicas do cio.
Para tutores que vivem em áreas urbanas, esse fator é particularmente relevante, já que reduz o risco de fugas, cruzamentos indesejados e desconforto no convívio diário. No entanto, é importante ressaltar que a castração não transforma a personalidade do animal e que mudanças comportamentais variam de indivíduo para indivíduo.
O procedimento cirúrgico exige preparo prévio, incluindo exames clínicos e laboratoriais para avaliar as condições gerais da cadela. Durante a cirurgia, o veterinário realiza uma incisão abdominal para acessar e remover útero e ovários, finalizando com a sutura das camadas de tecido.
O pós-operatório requer repouso físico, uso de colar elizabetano para evitar lambedura dos pontos, e administração de analgésicos e anti-inflamatórios conforme prescrição. A alimentação pode ser levemente ajustada nos primeiros dias para facilitar a digestão e evitar esforço abdominal.
A recuperação costuma ser tranquila, e em cerca de 10 a 14 dias os pontos já podem ser removidos, dependendo da técnica empregada.
Por fim, é essencial que o tutor entenda que a castração é uma decisão preventiva de grande impacto na saúde da cadela, reduzindo riscos de doenças graves, evitando gestações indesejadas e proporcionando uma vida mais longa e saudável.
Quando indicada corretamente e realizada com os cuidados adequados, seus benefícios superam amplamente os riscos inerentes ao ato cirúrgico.
Referências bibliográficas
Root Kustritz, M. V. (2007). Clinical Canine and Feline Reproduction: Evidence-Based Answers. Wiley-Blackwell.
Johnston, S. D., Root Kustritz, M. V., & Olson, P. N. S. (2001). Canine and Feline Theriogenology. W.B. Saunders.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.
