Cães sentem coceira nos pontos cirúrgicos?
- Felipe Garofallo

- 21 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de out.
Após uma cirurgia, é comum que os tutores fiquem atentos a qualquer comportamento diferente em seus cães, principalmente se eles começarem a lamber, coçar ou esfregar a região dos pontos. Essa atitude levanta uma dúvida frequente: cães sentem coceira nos pontos cirúrgicos?

A resposta é sim. Assim como os humanos, os cães também podem experimentar sensações desagradáveis ou desconfortáveis durante o processo de cicatrização, e a coceira é uma das manifestações mais comuns.
A coceira geralmente começa a aparecer quando a ferida começa a cicatrizar. Isso ocorre porque, durante o processo de regeneração da pele, há liberação de substâncias inflamatórias como histamina, que estimulam terminações nervosas locais e provocam essa sensação incômoda.
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Voltando ao nosso tópico, a formação de crostas, a presença de pontos de sutura e o atrito da pele com os pelos em crescimento podem acentuar essa sensação. A coceira é um sinal de que o organismo está tentando restaurar os tecidos lesionados, o que é parte natural da recuperação.
No entanto, é essencial diferenciar a coceira fisiológica da patológica. Quando o cão coça ou lambe de maneira compulsiva, pode provocar infecções, abertura dos pontos ou atrasos no processo de cicatrização.
Por isso, o uso de colares elizabetanos, roupas cirúrgicas ou outros dispositivos de proteção é amplamente recomendado até a retirada dos pontos ou a completa cicatrização da pele. É uma forma de impedir que o animal agrave a lesão ou contamine a ferida com bactérias presentes na boca ou nas patas.
Vale lembrar que nem todos os cães reagem da mesma forma. Alguns toleram bem o pós-operatório, enquanto outros demonstram mais sensibilidade.
Fatores como o tipo de cirurgia, a localização da incisão, o material utilizado na sutura, o tempo de internação e o estado emocional do animal também influenciam na intensidade da coceira.
Em casos em que a coceira é intensa e acompanhada de vermelhidão, secreção, inchaço ou dor, é fundamental consultar o veterinário, pois esses sinais podem indicar inflamação exacerbada, reação aos pontos ou infecção.
A atuação do tutor é fundamental nesse momento. Monitorar o comportamento do cão, garantir que ele não tenha acesso à ferida e administrar corretamente os medicamentos prescritos, como anti-inflamatórios ou antibióticos, são atitudes que fazem toda a diferença para uma recuperação segura e tranquila. E caso haja qualquer sinal de anormalidade, a avaliação profissional deve ser imediata.
Referências bibliográficas:
Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery. 5ª edição. Elsevier.
Hazzah, T. J., & Villalobos, A. (2020). Integrative and Functional Medical Nutrition Therapy: Principles and Practices. Springer Publishing.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.
