Cachorro paralisou de repente: quais as causas?
- Felipe Garofallo

- 12 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A paralisia súbita em cães é uma condição alarmante que exige atenção veterinária imediata. Quando um tutor percebe que seu cão perdeu repentinamente a capacidade de se movimentar, especialmente nas patas traseiras ou em todo o corpo, é natural que o desespero tome conta.

Essa paralisia aguda pode ter diversas causas, que vão desde problemas neurológicos até traumas ou infecções, e a chave para o tratamento eficaz é a identificação rápida e precisa da origem do problema.
Uma das causas mais comuns de paralisia súbita em cães é a doença do disco intervertebral (DDIV), especialmente em raças condrodistróficas, como Dachshund, Shih Tzu e Lhasa Apso. Essa condição ocorre quando há a protrusão ou extrusão de material do disco intervertebral, que comprime a medula espinhal e causa desde dor intensa até perda total dos movimentos, dependendo da gravidade da compressão. Em muitos casos, o cão pode acordar de manhã caminhando normalmente e, poucas horas depois, estar completamente paralisado.
Além da DDIV, traumatismos na coluna vertebral também são causas frequentes, principalmente em cães que sofreram quedas, atropelamentos ou brigas. Fraturas vertebrais ou luxações podem comprometer a integridade da medula espinhal. Nesses casos, além da paralisia, o cão pode apresentar dor intensa ao toque, vocalização ao se mover e perda de controle urinário e fecal.
Outra possível causa é a mielopatia aguda não compressiva, como ocorre na mielomalácia hemorrágica ou no infarto medular (mielopatia por fibrocartilagem). Essas condições envolvem a interrupção súbita do fluxo sanguíneo para a medula espinhal e podem causar paralisia instantânea, geralmente sem dor associada. Muitas vezes, o cão não apresenta nenhum sinal prévio de doença e a paralisia surge de maneira abrupta.
Doenças infecciosas ou inflamatórias da medula espinhal, como a discoespondilite ou a meningoencefalomielite de origem desconhecida (MUO), também devem ser consideradas. Embora nem sempre se apresentem de forma tão repentina quanto as causas traumáticas ou discais, algumas infecções podem progredir rapidamente e causar comprometimento neurológico agudo.
Outro ponto importante é considerar doenças neuromusculares ou autoimunes, como a síndrome de Guillain-Barré ou a miastenia gravis, que embora mais raras, podem afetar a transmissão neuromuscular e resultar em fraqueza progressiva que pode evoluir rapidamente para paralisia.
Por fim, tumores na medula espinhal ou no cérebro, embora normalmente provoquem sinais progressivos, podem, em alguns casos, levar a uma piora súbita, especialmente se houver hemorragia ou edema associado.
O diagnóstico da causa da paralisia aguda envolve uma abordagem multidisciplinar, com exame neurológico detalhado, exames de sangue, radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
O tratamento depende diretamente da causa subjacente e da velocidade com que é iniciado. Em muitos casos, intervenções rápidas — como cirurgia descompressiva em casos de hérnia de disco — podem fazer a diferença entre a recuperação completa e sequelas permanentes.
Referências bibliográficas:
Dewey, C. W., & da Costa, R. C. (2015). Practical Guide to Canine and Feline Neurology (3rd ed.). Wiley-Blackwell.
Lorenz, M. D., Coates, J. R., & Kent, M. (2011). Handbook of Veterinary Neurology (5th ed.). Saunders.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.