Cachorro com espasmos: O que fazer?
- Felipe Garofallo
- há 6 dias
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Atualizado: há 5 dias
Ver um cachorro apresentando espasmos pode ser uma experiência angustiante para qualquer tutor. Espasmos são contrações musculares involuntárias que podem ocorrer de forma isolada ou como parte de um quadro clínico mais complexo.

Eles variam em intensidade e duração e podem atingir uma parte específica do corpo, como as patas ou a face, ou se manifestar de forma generalizada.
As causas são variadas e incluem desde fatores simples e benignos, como tremores por frio ou estresse, até condições mais sérias como intoxicações, distúrbios neurológicos, crises epilépticas, hipoglicemia, encefalite ou doenças degenerativas do sistema nervoso central.
O primeiro passo ao notar que um cão está apresentando espasmos é observar com atenção o contexto em que isso ocorre.
É importante registrar quando os espasmos começaram, quanto tempo duraram, se ocorreram enquanto o cão estava dormindo ou acordado, e se houve outros sintomas associados, como salivação excessiva, perda de consciência, rigidez muscular, vocalizações ou incoordenação. Essas informações serão cruciais para o médico veterinário estabelecer um diagnóstico preciso.
Em casos em que os espasmos são leves e pontuais, como um tremor na pálpebra ou em uma das patas durante o sono, eles podem não representar um risco imediato e nem sempre indicam uma doença. No entanto, quando os episódios são recorrentes, aumentam de frequência, afetam todo o corpo ou são acompanhados por alterações comportamentais e neurológicas, é fundamental procurar atendimento veterinário imediatamente.
O profissional poderá realizar exames clínicos e neurológicos, além de solicitar exames complementares, como hemograma, bioquímica sanguínea, exames de imagem como tomografia ou ressonância magnética, ou até mesmo um líquor, para avaliar o líquido cefalorraquidiano.
Espasmos causados por hipoglicemia são comuns, por exemplo, em filhotes de raças muito pequenas, como Yorkshire Terrier, Poodle Toy e Maltês. Nesses casos, a queda do açúcar no sangue pode levar a tremores e até convulsões, sendo uma emergência médica. Já em cães idosos, espasmos musculares podem estar associados a doenças degenerativas ou tumores cerebrais.
Em situações de intoxicação, o quadro costuma surgir de forma aguda e violenta, podendo evoluir rapidamente para convulsões e morte, se não tratado a tempo. Há também doenças inflamatórias do sistema nervoso, como a meningoencefalite, que podem se manifestar com espasmos, entre outros sinais neurológicos.
O tratamento depende diretamente da causa. Em alguns casos, pode ser necessário apenas manter o animal aquecido e em repouso, mas em outros, pode-se precisar de medicamentos anticonvulsivantes, antibióticos, corticoides ou internação com suporte intensivo. Em todos os cenários, o diagnóstico precoce e o início rápido da terapia adequada aumentam consideravelmente as chances de recuperação e controle da condição.
Enquanto aguarda atendimento veterinário, o tutor deve manter o cão em um ambiente calmo, evitar estímulos excessivos como luz forte ou barulho, e garantir que ele não se machuque durante um episódio de espasmo. Não se deve tentar segurar o animal com força, colocar objetos na boca ou administrar qualquer medicamento sem orientação profissional.
Portanto, diante de espasmos em cães, a atitude mais segura e responsável é buscar uma avaliação veterinária o quanto antes. Ainda que algumas causas possam ser benignas, apenas um profissional poderá diferenciar um caso leve de uma situação potencialmente grave.
Referências bibliográficas:
Platt, S. R., & Olby, N. J. (2013). BSAVA Manual of Canine and Feline Neurology (4th ed.). British Small Animal Veterinary Association.
Feldman, E. C., & Nelson, R. W. (2014). Canine and Feline Endocrinology (4th ed.). Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.